Estudo “Closing the Food Waste Gap”, conduzido pela Boston Consulting Group (BCG) conclui que maior perda ocorre ainda na cadeia de produção

Imagem: Reprodução/ Agência Envolverde

Boston Consulting Group (BCG) publicou um estudo intitulado “Closing the Food Waste Gap” sobre o desperdício mundial de alimentos. De acordo com o documento, um terço dos alimentos produzidos anualmente não são bem aproveitados, sendo que há problemas para conter o desperdício em todas as etapas pelas quais passam os produtos.

Para exemplificar, o estudo utiliza a produção de maçãs, uma vez que, do total de alimentos desperdiçados, as frutas representam metade deles. Nesse caso, na produção e colheita, há um desperdício de 13%, no armazenamento essa perda é de 6%, no processamento e embalamento 1%, na distribuição 6% e no consumo 8%.

Esse desperdício ocorre devido a uma série de fatores, variando para cada tipo de alimento e local de produção. Grande parte dessa perda ocorre durante ou logo após a colheita, devido práticas ineficientes, sendo a superprodução a causa mais comum em países ricos e a colheita prematura mais incidente em economias menores, onde os fazendeiros possuem maior necessidade de movimentar o fluxo de dinheiro. Além disso, as mudanças climáticas também podem afetar a fase de produção.

Durante as fases de estocagem e transporte, as causas do desperdício estão, também, ligadas à falta de manejo adequado, pois é necessário cuidados para manter os alimentos frescos e os animais vivos, o que é dificultado pela falta de técnicas e tecnologias mais eficientes. Quanto ao período de processamento e embalamento, uma grande quantidade de perdas e desperdícios ocorrem em fábricas de conservas, matadouros e durante o tratamento industrial, onde problemas na cadeia de suprimentos e processos industriais interrompidos ou abaixo do padrão levam a desperdícios desnecessários.

No varejo e no consumo, parte do desperdício está ligado à regulamentos de validade e estética desnecessariamente rigorosos. Segundo o estudo, as datas de validade são utilizadas de forma inconsciente em todo o mundo, pois essas não se referem ao limite da segurança do produto, mas sim à sua qualidade. Em relação à estética, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que o Brasil perde 27 milhões de toneladas de alimentos por ano, sendo o descarte de alimentos que não se encaixam nos formatos e cores tidos como ideais um dos fatores para essa enorme perda. A falta de armazenamento adequado em mercados e varejos também contribui para o desperdício nessa etapa.

Estima-se que no ano de 2030, quando um décimo da população estará passando fome, 2,1 bilhões de toneladas de alimentos serão perdidos ou desperdiçados. Essa perda será equivalente a 1,5 bilhões de dólares, o que coloca o desperdício de comida, se esse fosse um país, entre 7% das maiores economias globais.

Para combater esse desperdício, a BCG indica a necessidade de maior conhecimento sobre as cadeias de produção e sobre as relações de perda de alimentos dentro dela, assim como melhores técnicas de armazenamento, para impedir que os produtos estraguem antes mesmo de chegar aos supermercados, e estabelecer uma melhor cooperação entre produtores e processadores da matéria prima.

“Encontrar soluções para o desperdício de alimentos significa repensar as cadeias de suprimentos, uso de energia, colaboração público-privada, regulamentação, economia comportamental e muito mais”, acrescenta o relatório.

Leia o relatório completo no site da BCG.