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Obras retratam cultura indígena e luta pelo fim do preconceito racial

As paredes do corredor da unidade 1 do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB) ganharam mais cor. As 24 telas pintadas pelo estudante indígena de medicina Aislan Santos deram vida ao ambiente. São pinturas que retratam a cultura indígena e a luta pelo fim do preconceito racial. O nome da exposição é Abá Pukuá: Homem Céu. Abá significa homem na língua tupi, e Pukuá é céu para o povo Kaiapó. O Homem Céu representa força para encarar desafios e sempre encontra uma maneira de conectar-se com os ancestrais pela arte.

Aislan é estudante do 10º semestre de medicina da Universidade de Brasília (UnB) e interno no HUB. Na abertura da exposição, no dia 13 de fevereiro, o indígena falou um pouco sobre o que a arte significa para ele. “A proposta da exposição surgiu da necessidade de me sentir pertencente a esse espaço. É uma forma de desabafo. Traz mensagem de justiça, amor, fé, encontro e reencontro. A arte também foi a forma que encontrei para me conectar com meu povo, além de ser um processo de cura”, explicou Aislan.

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A exposição ficará aberta para visitação até o dia 30 de março, de 7h às 19h. “Essas peças vão trazer muita alegria e muita força para construir a nossa cura. Estamos muito felizes de ter essas obras aqui conosco. Que a gente possa continuar trabalhando para construir uma instituição que seja cenário de prática para todos os estudantes da Universidade de Brasília”, afirmou a superintendente do HUB, Elza Noronha. “Essa cultura é milenar e nós não conhecemos quase nada sobre ela. Reconhecer a cultura indígena dentro do hospital, como parte do tratamento e do processo de cura, é muito importante”, acrescentou a coordenadora da Questão Indígena da UnB, Cláudia Renault.

A Comissão de Humanização do HUB abraçou a proposta de Aislan e assumiu a organização da exposição para tornar o ambiente mais leve e humanizado. “O HUB é referência para o atendimento de indígenas e é importante que eles se vejam e se reconheçam nas obras. E os profissionais que atendem esses pacientes, conhecendo mais a realidade dos povos indígenas, poderão oferecer um atendimento melhor”, disse a terapeuta ocupacional e integrante da comissão, Helenice Vespasiano.

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Cada uma das pinturas, feitas com tinta em papel pardo, tem um significado. Conexão espiritual, sede de justiça, busca pela verdadeira identidade, resistência, fusão de povos e superação são alguns dos temas representados nas obras de Aislan. “Achei muito interessante a iniciativa dele de mostrar como ele enxerga a vida. É bom que todos conheçam as dificuldades que o povo indígena enfrenta”, comentou o estudante de medicina Maxwell Toledo.

Serviço
Exposição Abá Pukuá: Homem Céu
Local: Térreo da Unidade 1 do HUB (L2 Norte, 604)
Horário: 7h às 19h
Aberta para visitação até 30 de março

Texto original em EBSERH