O filme nomeado “Das Ruas de São Paulo pro Mundo” conta a história de mais de 30 anos do grupo

Foto: Boogie Naipe

Por Maria Eduarda Nascimento para Pretas e Pretos no Poder

Foi lançado no dia 16 o documentário “Racionais: Das Ruas de São Paulo pro Mundo”. Uma produção original da Netflix que conta a história do grupo de rap mais relevante do país, Racionais MC’s. Com cenas inéditas, feitas ao longo das décadas de carreira do grupo, o longa reforça e expressa visualmente o legado deixado por Mano Brown, KL Jay, Ice Blue e Edi Rock.

Através da contextualização por trás dos palcos, o filme leva o espectador a refletir sobre a especificidade de cada integrante e a força que a trajetória deles carrega. É possível também observar o contexto histórico da violência policial e da miséria extrema que assolava as periferias das zonas sul e norte de São Paulo como parte do cenário de formação da banda.

Como um grito entalado na garganta, o grupo se uniu com o propósito de falar para e pela periferia oprimida. “Fazer uma música pesada pras pessoas ouvirem. Na época, pro gueto ouvir, pros pretos ouvirem”, trecho de KL Jay no documentário. A união dos rappers funcionou como porta voz de ideias políticas revolucionária para os jovens negros de camadas mais pobres e oprimidas.

Durante o período pós-ditadura militar e de políticas públicas declaradamente racistas, como o controle de natalidade das pessoas negras, os rappers encontraram força no tom de denúncia e resistência para a formação e seguimento durante os anos 80 e 90. Multidões se reuniam pra ouvir sobre um cotidiano que conheciam e uma revolta comum. Toda a inovação, para aquele período do rap, explica a atemporalidade que o som do coletivo carrega e que inspira diversas outras gerações da música atualmente. O grupo é inegavelmente um marco na cultura hip-hop brasileira.

Com produção da Preta Portê Filmes para a Netflix, Racionais MC’s tem direção de Juliana Vicente, que assina a produção executiva com Beatriz Carvalho e Gustavo Maximiliano. A direção de fotografia é de Flávio Rebouças, Rodrigo Machado e Carlos Firmino; montagem, por Washington Deoli e Yuri Amaral. A direção de arte da produção é assinada por Isabel Xavier; direção de produção, Camila Abade e Mari Santos.