‘Jango Jezebel: Onde estavam as travestis na ditadura?’ tem sua temporada de estreia nos dias 19, 20, 26 e 27 de agosto de 2022 no Memorial da Resistência de São Paulo

Cena do espetáculo “Jango Jezebel: Onde estavam as travestis na ditadura?” (Foto: Té Pinheiro | Divulgação)


Por Rod Gomes

Com os ingressos esgotados antes mesmo de sua estreia, o espetáculo “Jango Jezebel: Onde estavam as travestis na ditadura?” integra, em curta temporada, a programação do projeto Ocupações Memorial, desenvolvido pelo Memorial da Resistência de São Paulo e que articula diálogos transdisciplinares sobre a memória dos períodos autoritários no país e suas reverberações no presente, através de exposições e produções culturais apresentadas nos espaços físicos e nas redes de comunicação do museu.

Com direção de Luíz Fernando Marques, realização do Outro Grupo de Teatro e produção da PAJUBÁ, Diversidade em rede, o espetáculo tem origem em uma pesquisa artística desenvolvida desde 2019, impulsionada pelo artigo “Onde estavam as travestis na ditadura?” publicado em 2015 pela artista e transfeminista Helena Vieira. A pesquisadora apurou os casos de violações aos Direitos Humanos entre 1946 e 1988 através dos dados revelados pela Comissão Nacional da Verdade em 2014 , observando que o relatório não citava a presença de travestis.

“Mas o documento falava apenas das homossexualidades e, por isso, não parecia que existiam travestis, é como se fossem todos homossexuais“, explica Helena.

Partindo deste incômodo, Helena Vieira, Noá Bonoba e Tavares Neto dividem a cena transitando entre o resgate daquilo que se tem em registros históricos e a reescrita da história sob a ótica de corpos LGBTQIAPN+ e principalmente travestis, que foram resistência à ditadura.

A ditadura militar (1964-85) perseguia, prendia, torturava e matava mulheres transexuais e travestis.(Foto: Juca Martins)

As apresentações acontecem nos dias 19, 20, 26 e 27 de agosto de 2022, sempre às 16h, no Memorial da Resistência no Largo General Osório na Santa Ifigênia em São Paulo, um museu que tem como missão a valorização e a preservação das memórias da repressão e da resistência políticas no Brasil, cujo edifício foi por mais de quatro décadas, o Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops/SP), um dos maiores símbolos da repressão do período ditatorial.

Como parte da programação do projeto “Ocupações Memorial”, o espetáculo se utiliza do antigo espaço carcerário do Deops/SP como parte constituinte de sua dramaturgia, por isso a gestão do museu atenta ao cuidado com o espaço e a sensibilidade dos temas abordados pela obra. Com classificação indicativa livre e ingressos gratuitos, o Outro Grupo de Teatro anunciou na última quinta (18) que os ingressos para as sessões estão esgotados.

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