Casos de ataques a escolas com uso de símbolos nazistas têm se tornado frequentes no País, e em Minas Gerais

Além do crime contra o patrimônio público, apologia ao nazismo também é crime previsto pela constituição. Foto: Reprodução
Quatro dias depois do massacre que deixou quatro mortos em duas escolas de Aracruz, no Espírito Santo, a Escola Municipal José Silvino Diniz, em Contagem (MG), amanheceu depredada, com carteiras quebradas, paredes e móveis pichados com símbolos nazistas.
O caso aconteceu nesta terça-feira (29) e o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE) cobra investigação das autoridades competentes sobre o novo ataque neonazista nesta escola localizada na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Uma exposição sobre o mês da Consciência Negra também foi destruída. Testemunhas relataram à polícia que a diretora teria sido ameaçada e que o cenário era de destruição: vasos de plantas quebrados, bancos, cadeiras jogadas no meio do pátio, muito lixo no chão, além de cacos de vidros.
Não há câmeras de segurança na escola e os responsáveis ainda não foram identificados.
“Meus filhos estudam aqui, como eu mando eles para a escola?”, diz indignada a dona de casa Angélica Andrade, de 30 anos, mãe de dois alunos da Escola Municipal José Silvino Diniz.
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A diretora informou à polícia que a escola já foi invadida outras vezes e que os bandidos chegaram a filmar outras ações e publicar nas redes sociais. Ela indicou um perfil no Instagram com as iniciais da escola que publica vídeos do interior do colégio e partes do jogo de videogame Bully.
“Em meio a tantos ataques brutais à educação, a seus profissionais, professoras/professores, educadoras/es, estudantes e à comunidade escolar, o Sindicato faz um apelo para que o país, por meio de sua população e de suas instituições, promovam a cultura da paz e se contraponham à cultura de ódio, especialmente, reproduzida por uma política belicista, armamentista, fascista de um grupo de extrema-direita que sustenta uma política de governo que mutila e mata”, informa a nota do Sind-UTE.
Os casos de ataques a escolas com uso de símbolos nazistas têm se tornado frequentes no País e em Minas Gerais. No dia 23 de novembro, um banheiro da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), no município de Divinópolis, foi pichado com ofensas a judeus, suásticas e exaltação a Hitler, responsável pela morte de mais de 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1956).
Além do crime contra o patrimônio público, apologia ao nazismo também é crime previsto pela constituição.
Segurança
Em nota oficial, a Prefeitura de Contagem informou que, diante do estado em que a escola se encontra, as aulas precisaram ser suspensas até o dia 1º de dezembro. O órgão informou também que a Guarda Municipal e a Polícia Militar de Minas Gerais estão atuando para melhorar a segurança na rede pública de ensino.
A nota diz ainda que outra instituição de ensino, a Escola Municipal Professora Maria Martins “Mariinha”, que fica na mesma região, também foi alvo de uma tentativa de invasão. “Os criminosos forçaram a entrada por diversos lugares, mas não conseguiram entrar”, afirma o texto.
A Polícia Civil de Minas Gerais informou, em nota, que instaurou procedimento investigativo para apurar os fatos. “A perícia oficial foi acionada para realizar os levantamentos de praxe que irão subsidiar a investigação, que tramita a cargo da 3ª Delegacia de Polícia Civil do município”, diz a nota.
Com informações da Agência Estado
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