Fontes da Polícia Federal e no Supremo Tribunal Federal confirmam haver nos celulares apreendidos de empresários troca de mensagens com Aras

Procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras. Foto: Pedro França/Agência Senado

As trocas de conversas reveladas pelo site Jota, nesta terça-feira (23), entre o procurador-geral da República, Augusto Aras e empresários bolsonaristas que foram alvo de operação da PF, aumentaram a pressão pelo impeachment do procurador, conhecido pela oposição como “engavetador-geral da República”.

De acordo com o site Jota, especializado em questões do Judiciário, fontes tanto na PF quanto no Supremo Tribunal Federal (STF) confirmam haver troca de mensagens nos celulares dos suspeitos com Aras. Os comentários dizem respeito principalmente à candidatura de Jair Bolsonaro, bem como críticas ao trabalho do ministro do STF e atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, rival de Bolsonaro.

Aras se irritou com a operação da Polícia Federal (PF), autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. O procurador reclamou que ficou sabendo da operação depois de deflagrada. Porém, na publicação do Jota, fontes ligadas a Alexandre de Moraes teriam informado à Procuradoria-Geral da República sobre a operação na véspera da execução.


O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apresentou uma petição ao STF solicitando o fim do sigilo das conversas entre Aras e empresários bolsonaristas. O documento também é assinado pelos senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Humberto Costa (PT-PE) e Fabiano Contarato (PT-ES).

‘Engavetador’

Não foi a primeira vez em que o chefe do Ministério Público Federal demonstrou nos bastidores indignação com atos do ministro do Supremo.

No ano passado, por exemplo, Moraes autorizou uma ação policial contra o então titular do Ministério do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sem ouvir a PGR.

Outro episódio foi relativo ao inquérito dos atos antidemocráticos. A Procuradoria opinou pelo arquivamento da apuração quanto aos aliados de Bolsonaro com foro no Supremo.

Moraes arquivou o inquérito, mas, concomitantemente, determinou a abertura de um novo (milícias digitais) para dar prosseguimento às investigações.

Recentemente, senadores da oposição protocolaram uma ação que pede ao STF a abertura de um inquérito por prevaricação contra a vice-procuradora-geral da República, Lindora Maria Araújo, “testa de ferro” de Aras na PGR. O documento aponta irregularidades na solicitação de arquivamento, no dia 25 de julho, de sete das dez apurações sobre Jair Bolsonaro (PL), ministros e ex-ministros com base no relatório da CPI da Covid.

Alvos da operação

O ministro do STF Alexandre Moraes foi quem solicitou a operação que teve entre seus alvos os empresários Luciano Hang (dono da Havan), Marco Aurélio Raimundo (Mormaii), José Isaac Peres (rede de shopping centers Multiplan), Ivan Wrobel (Construtora W3), José Koury (Barra World Shopping), André Tissot (Grupo Serra), Meyer Nigri (Tecnisa) e Afrânio Barreira (Grupo Coco Bambu).

O procurador Augusto Aras ainda corre o risco de atrair suspeitas por conta de sua proximidade com o empresário Meyer Nigri, um dos alvos da operação, a quem Aras prestou homenagem em diversas ocasiões.

A assessoria de comunicação de Augusto Aras afirmou que se tratavam apenas de mensagens superficiais, não tocando no assunto de operações policiais

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