Intimidações aumentaram com campanha terrorista em que empresários dizem que moradores perderão terras para os indígenas

Reunião promovida por bolsonaristas ocorreu no Parque de Exposições de São Francisco do Guaporé (Reprodução UOL)

Para convencer moradores e agricultores locais de São Francisco do Guaporé (RO) a reelegerem Bolsonaro, empresários e políticos locais vêm os aterrorizando dizendo que perderão suas terras para indígenas, caso ele seja derrotado. Diversas reuniões vêm sendo realizadas neste sentido, como uma que ocorreu no dia 8 de outubro, no parque de exposições da cidade. Além disso, vídeos são compartilhados nos grupos de conversa, como relatado pelo colunista Carlos Madeiro, do UOL.

Um desses traz uma “música ao fundo como se fosse um filme de horror, mostrando um mapa com uma área gigante e anunciando em letras vermelhas: ‘você sabia que a maioria de vocês estão [sic] dentro dessa área que é de interesse da Funai que a esquerda promete virar reserva indígena?’”, relata o jornalista. Outro trecho do vídeo traz o alerta que não serão apenas aqueles que têm terras no território reivindicado que perderão suas propriedades.

“Você paga para ver?” A área apontada é o Vale do Guaporé, que abrange os municípios de São Miguel, Seringueiras, São Francisco e Costa Marques e onde há mais de duas décadas três povos indígenas lutam pela demarcação de seus territórios. Com a campanha implacável, agora os indígenas passaram a sofrer ameaças.

Um destes contou ao colunista do UOL que depois que o vídeo passou a circular, as intimidações cresceram, já que o já que o mapa apresentado se refere a territórios reivindicados pelos povos Migueleno e Puruborá”, conta. Diante do medo, os indígenas fizeram uma denúncia ao MPF (Ministério Público Federal) de Ji-Paraná, para que a campanha feita com ameaças seja investigada.

Segundo apurou o UOL, o receio dos moradores é que os processos de demarcação de terras avancem e retirem a posse das propriedades de quem ocupa o entorno do território.

Todas as terras requisitadas pelos três povos ainda estão em fase inicial do processo de demarcação. Dessas, só duas têm GTs (grupos de trabalho) criados para estudo de áreas etno-histórica, antropológica, cartográfica e ambiental: os povos Migueleno e Puruborá. Ambos só tiveram grupos criados recentemente pela Funai (Fundação Nacional do Índio) por determinação judicial, após ações civis públicas do MPF em Rondônia pedindo o andamento dos processos.

Já os Kujubim, que vivem em Costa Marques, ainda aguardam a publicação do GT. Apesar do acirramento do conflito, a luta pelo direito às terras é antiga. Os indígenas alegam que a área é ocupada indevidamente principalmente para o plantio de soja e para a agropecuária. Eles reforçam que reivindicam territórios tradicionais que ocupavam já desde antes da chegada do Marechal Cândido Rondon à região.

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