“Vai pro Tribunal de Nurenberg desse jeito”. Élcio Franco e Ailton Barros, amigos de Bolsonaro, tramavam golpe de estado para manter Bolsonaro na presidência

Foto: reprodução/Palácio do Planalto

“[É preciso convencer] o general Pimentel. Esse alto comando de m… que não quer fazer as p…, é preciso convencer o comandante da Brigada de Operações Especiais de Goiânia a prender o Alexandre de Moraes. Vamos organizar, desenvolver, instruir e equipar 1.500 homens”, diz Ailton Barros, ex-major e preso por fraude em cartões de vacina de Jair Bolsonaro (PL), em dezembro de 2022.

O outro articulador na linha é o coronel Elcio Franco, que não só sabia dos planos golpistas, como deu sugestões de como mobilizar 1,5 mil homens para uma intentona, era o número um do general Braga Netto, candidato ao cargo de vice-presidente na chapa de Bolsonaro. As conversas foram reveladas pela jornalista Daniela Lima, na CNN Brasil.

Durante uma conversa com Ailton, Élcio relatou que temia ser responsabilizado por uma possível tentativa de golpe, conforme expresso pelo então comandante do Exército.

Ailton e seus companheiros consideraram até mesmo substituir a autoridade do comandante Freire Gomes, empregando o Batalhão de Operações Especiais do Exército. Essas informações fazem parte do inquérito que resultou na prisão de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e Ailton Barros, um ex-major que frequentava a cúpula do Palácio do Planalto.

Ailton e o coronel Élcio discutiram temas relacionados a um golpe de Estado, bem como sobre a relutância do comandante Freire Gomes em aderir ao plano golpista. Em um dos trechos, Élcio conversa com Ailton:

“Olha, eu entendo o seguinte: é Virgílio. Essa enrolação vai continuar acontecendo” – Virgílio era um comandante de um batalhão importante do Exército.

“O Freire não vai. Você não vai esperar dele que ele tome à frente nesse assunto, mas ele não pode impedir de receber a ordem. Ele vai dizer, morrer de pé junto, porque ele tá mostrando. Ele tá com medo das consequências, pô. Medo das consequências é o quê? Ele ter insuflado? Qual foi a sua assessoria? Ele tá indo pra pior hipótese. E qual, qual é a pior hipótese?”.

Elcio diz: “Ah, deu tudo errado, o presidente foi preso e ele tá sendo chamado a responder. Eu falei, ó, eu, durante o tempo todo [ininteligível] contra o presidente, pô, falei que não, não deveria fazer, que não deveria fazer, que não deveria fazer e pronto. Vai pro Tribunal de Nurenberg desse jeito. Depois que ele me deu a ordem por escrito, eu, comandante da Força, tive que cumprir. Essa é a defesa dele, entendeu? Então, sinceramente, é dessa forma que tem que ser visto”.

O tribunal de Nurenberg foi responsável por conduzir o julgamento de nazistas após a queda de Hitler, na segunda guerra mundial.