Por: Thammy Luciano

No último sábado (2), por volta das 15h, as ruas ao redor do Estádio Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas (SP), presenciaram o início da festa verde e branca. A torcida se reunia para impulsionar o clássico campineiro Guarani x Ponte Preta, pela série B do Campeonato Brasileiro. Com arbitragem de Edina Alves, o dérbi 206 foi o primeiro apitado por uma mulher. A partida que aconteceu às 18h, embaixo de forte chuva, terminou com o placar de 1 a 0 para a equipe bugrina.

Quem caminhava pela Avenida Imperatriz Dona Tereza Cristina se deparava com a torcida do Guarani em massa. A torcida adversária não estava presente, isso porque, desde 2018, por determinação do Ministério Público de São Paulo, o clássico campineiro tem torcida única. Enquanto os bugrinos apoiaram nas ruas e nas arquibancadas, os pontepretanos se reuniram para apoiar o time na saída do hotel e acompanharam a partida nos bares, sedes das torcidas organizadas e em suas casas.

O dérbi sempre movimenta a metrópole e revive a tradição do futebol campineiro. A presença de 15.937 pessoas nas arquibancadas reforça a importância histórica do clássico entre Guarani e Ponte Preta. O primeiro confronto entre as duas equipes foi em 24 de março de 1912, o resultado é desconhecido, mas a partir dali o encontro dos dois times tornou-se a maior rivalidade do interior de São Paulo. Os números são equilibrados, entre as 206 partidas, foram 70 vitórias do Guarani, 67 vitórias da Ponte Preta e 68 empates.

Presença feminina

Após 111 anos do primeiro jogo entre Ponte Preta e Guarani, uma nova página da história do confronto campineiro foi escrita. O dérbi 206 foi o primeiro apitado por uma mulher. Edina Alves, que comandou a arbitragem do clássico, integra o quadro de árbitros da FIFA desde 2019, quando fez sua estreia no Campeonato Brasileiro, e tem conquistado cada vez mais espaço no cenário nacional e internacional.

Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Edina é a brasileira com o maior número de jogos em Copas do Mundo. Em agosto deste ano, ao apitar a semifinal da Copa do Mundo Feminina, entre Espanha e Suécia, ela alcançou a marca de oito jogos em mundiais. O recorde anterior era de Carlos Eugênio Simon, que foi árbitro em sete partidas.

Além da representatividade dentro das quatro linhas, as mulheres estavam presentes nas arquibancadas e fizeram parte da festa alviverde. No final da partida, no setor cabeceira sul, uma cena chamou atenção: As mulheres de uma das torcidas organizadas se reuniram em volta de uma menina que estava fazendo aniversário. Enquanto a bateria tocava, todos os membros da torcida cantaram “Parabéns para você”. Ali estava o futuro do clássico campineiro e do futebol. Ali estava o futuro das arquibancadas.

Acesso x Permanência

Com chuva forte e granizo, o jogo chegou a ser parado ainda no primeiro tempo, mas logo a partida foi retomada. Aos 41 minutos, Bruno José marcou o único gol do dérbi, fazendo a festa da torcida bugrina e frustrando a torcida alvinegra.

O cenário atual é bem diferente para as duas equipes. O Guarani sonha com o acesso à elite do Campeonato Brasileiro e, para isso, precisa garantir a vaga no G4. Por outro lado, a Ponte Preta é a 14ª colocada do campeonato e luta pela permanência na Série B.

De acordo com o Correio Popular, após a partida, durante a coletiva de imprensa, Umberto Louzer, técnico do Guarani, reconheceu a importância da vitória no clássico. “Foi marcante. Posso dizer que hoje é um dos dias mais felizes da minha carreira”, declarou.

No lado oposto, Pintado, treinador da Ponte Preta, reforçou o objetivo da equipe e a necessidade de urgência. “Eu vim para a Ponte Preta para deixá-la na Série B. E vamos continuar na luta e eu vou conseguir. Essa é a minha obrigação”, disse o técnico.

Para tentar virar a página, a Ponte volta aos gramados no sábado (9), às 17h, contra o Sampaio Corrêa, no Estádio Moisés Lucarelli. Em casa, a equipe terá ao seu lado o fator mais importante para sair dessa fase, a presença de sua apaixonada torcida.