Foto: Divulgação / Suframa

O governo de Jair Bolsonaro publicou, nesta sexta-feira de carnaval (25), um decreto que reduz em até 25% o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Para a bancada federal do Amazonas no Congresso Nacional, assim como especialistas, jornalistas e o setor industrial, o decreto representa um golpe contra a Zona de Franca de Manaus (ZFM). “Prenúncio de morte”, “golpe de morte”, “facada nas costas” foram algum dos termos utilizados para explicar a medida e o efeito do decreto sobre as indústrias da ZFM e os amazonenses.

A redução, contudo, já estava anunciada pelo ministro da Economia Paulo Guedes, ainda que ele tenha se comprometido em preservar a ZFM, que se beneficia da isenção do imposto. Hoje, são mais de 500 mil empregos diretos e indiretos gerados a partir da Zona Franca e que poderão ser afetados, conforme informou o presidente do Centro de Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, em reportagem do G1.

“O ministro Paulo Guedes não honrou com o compromisso assumido em considerar a excepcionalidade do modelo Zona Franca, assim como sua secretária fez ontem na reunião do CAS”, disse. Ele faz menção à secretária de Produtividade, Emprego e Competitividade, Daniella Consentino, que foi a Manaus esta semana e promoteu que preservaria a ZFM.

“Paulo Guedes deu o maior golpe que a Zona Franca de Manaus já sofreu em toda a sua existência”, disse o jornalista Mário Adolfo Filho em sua conta no Twitter. “Um governo que visivelmente não se importa com as regiões mais carentes do país”.

“Autoridades amazonenses e lideranças empresariais falarem agora em ‘punhalada nas costas’ e ‘traição’ por parte do governo federal é o maior recibo de ingenuidade, burrice ou miopia que esse povo pode passar”, escreveu o jornalista Jorge Eduardo Dantas.

A publicação do decreto mobilizou todo o setor industrial e político, incluindo grandes apoiadores do governo Bolsonaro que foram fundamentais para a eleição do presidente ao Planalto. O próprio governador do estado, Wilson Lima, revelou que a redução causa “grande preocupação”, conforme reportagem do jornal ACrítica. Governador, prefeito e a bancada federal de deputados amazonenses já relataram que irão incidir em conversas junto ao ministro Guedes e Bolsonaro pela revogação do decreto.