A segunda TI mais pressionada pela derrubada da floresta no trimestre, é a Waimiri Atroari (Foto: Bruno Kelly/Amazonia Real)

 

Ainda que no ranking geral o Pará siga na liderança como estado mais crítico, das 10 terras indígenas mais pressionadas pelo desmatamento no primeiro trimestre deste ano, cinco estão localizadas em Roraima. Dados que servem de alerta para que o estado também receba ações urgentes de proteção aos povos originários, que estão tendo a vida ameaçada pelas invasões dos desmatadores.

É o que aponta levantamento que integra o estudo “Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas”, publicado trimestralmente pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

“Apesar do problema da falta de proteção aos territórios indígenas persistir no Pará, onde estão localizadas as terras Cachoeira Seca do Iriri e Apyterewa, primeira e terceira colocadas no ranking das mais pressionadas entre janeiro e março, desta vez foi Roraima que teve mais áreas indígenas sob maior pressão”, conforme o Imazon.

É em solo roraimense e amazonense que fica a segunda terra indígena mais pressionada pela derrubada da floresta no trimestre, a Waimiri Atroari. Esse território também foi o sexto mais pressionado entre todas as classes de áreas protegidas do bioma. Lá, vivem indígenas do povo Waimiri Atroari e os isolados Cabeceira do Rio Camanaú.

As outras quatro terras indígenas localizadas em Roraima que figuraram no ranking das 10 mais pressionadas no trimestre são: Manoá/Pium, Moskow, Raposa Serra do Sol e São Marcos. Elas ocupam a sexta, a oitava, a nona e a décima colocação, respectivamente. E, juntas, abrigam cinco povos diferentes: Ingarikó, Macuxi, Patamona, Taurepang e Wapichana.

A pesquisadora do Imazon, Larissa Amorim explica que o fato de metade das terras indígenas mais pressionadas no primeiro trimestre estarem localizadas em Roraima, pode ser explicado pelo regime de chuvas no estado, que ocorre de forma inversa ao do restante da Amazônia.

“Entre janeiro e março, Roraima estava no período seco, quando o desmatamento costuma ser maior, enquanto os outros oito estados amazônicos estavam na estação chuvosa. Por isso, tanto Roraima quanto outros estados com áreas protegidas entre as mais pressionadas precisam intensificar suas ações de proteção”.

Terras indígenas mais pressionadas

1ª – TI Cachoeira Seca do Iriri (PA)
2ª – TI Waimiri Atroari (AM/RR)
3ª – TI Apyterewa (PA)
4ª – TI Alto Rio Negro (AM)
5ª – TI Karipuna (RO)
6ª – TI Manoá/Pium (RR)
7ª – TI Médio Rio Negro I (AM)
8ª – TI Moskow (RR)
9ª – TI Raposa Serra do Sol (RR)
10ª – TI São Marcos (RR)

No ranking geral, Pará segue como o estado mais crítico

Segundo o Imazon, se levados em conta todos os tipos de áreas protegidas na Amazônia, e não apenas as terras indígenas, é o Pará o estado com o maior número de territórios entre os mais pressionados no trimestre. Cenário que segue o que foi observado em estudos de períodos anteriores.

“O Pará é frequentemente um dos estados que mais apresentam áreas protegidas ameaçadas e pressionadas. Caso as informações disponíveis fossem utilizadas para a proteção desses territórios, essa devastação poderia ter sido evitada”, afirma Amorim.

Pressão x Ameaça

Com uma metodologia que olha o número de ocorrências de desmatamento, e não a área total desmatada, a pesquisa serve para alertar os órgãos públicos sobre quais são os mais pressionados e ameaçados pelo avanço da devastação. E, consequentemente, os que podem ter as maiores áreas destruídas caso ações não sejam tomadas.

Para isso, o instituto cruza dados do seu Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), monitoramento mensal via imagens de satélites, com células de 100 km² na Amazônia Legal. No estudo, são contabilizadas como “ocorrências” células cuja devastação está dentro ou ao redor das áreas protegidas. E, caso as ocorrências tenham sido identificadas dentro dos territórios, são classificadas como pressão. Já se estiverem no entorno, a uma distância de até 10 km, são identificadas como ameaça.

Entre janeiro e março, o território protegido mais ameaçado na Amazônia foi a Flona do Aripuanã, no Amazonas. A terra indígena Trincheira/Bacajá, no Pará, ficou em segundo lugar no ranking geral e em primeiro no que leva em conta apenas as áreas indígenas. Além dela, outros quatro territórios localizados no Pará figuram no ranking de ameaça, o que mostra que o estado não é apenas o mais crítico em relação ao desmatamento que ocorre dentro das áreas protegidas, mas também ao redor delas.

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