Nascida nos EUA e criada na Espanha, a atleta fez parte das categorias de base da ‘La Roja’, equipe com a qual conquistou uma medalha de bronze no Mundial Sub-17 de 2016

Foto: JEFF PACHOUD / AFP/Archivos

Por Morgana Américo e Sarah Américo 

Chegar às quartas de final de um campeonato é um momento de muita alegria, mas também de bastante tensão, pois só faltam três jogos para poder se tornar campeão da competição. Esse peso pode ser ainda maior quando, logo nessa fase, você enfrenta sua antiga seleção. Esse é o caso da jogadora da Holanda Damaris Egurrol, que está em sua primeira Copa do Mundo.

A meio-campista, de 23 anos, nasceu em Orlando, nos Estados Unidos, mas foi criada na Espanha, país onde iniciou sua carreira no futebol. Foi revelada pelo time espanhol Athletic Bilbao e, até 2016, defendia a seleção conhecida como ‘La Roja’. Ela chegou a conquistar uma medalha de bronze no Mundial Sub-17 e a ser campeã da Eurocopa Sub-19 em 2017, marcando um gol, na final, contra a França (3 a 2). Egurrola, também, foi finalista do Mundial Sub-20, em 2018, antes de estrear pela seleção profissional da Espanha, em um amistoso contra Camarões.

Seu laço com a seleção espanhola acabou após ela não ter sido convocada para a Copa de 2019 – naquela ocasião, a La Roja caiu nas oitavas de final contra os Estados Unidos, que se tornaram campeões logo depois. Como houve um certo atrito com o técnico Jorge Vilda, o término da relação não foi dos melhores. O treinador chegou a afirmar que tentou convocar a jogadora, em duas ocasiões, algo que Egurrola negou, em entrevista ao jornal ‘El Confidencial’, em 2021.

“Eu entendo que um treinador tem todo o direito de escolher suas jogadoras, mas isso não lhe dá o direito de mentir. E eu não podia continuar esperando uma convocação”, declarou ao jornal, na entrevista. Ela também revelou um episódio que marcou sua relação com o treinador. “Foi na final do Mundial Sub-20, quando descemos para o intervalo e ele me disse que não gostava do meu futebol. Fui para o segundo tempo chorando”, admitiu.

O motivo de escolher defender a ‘Oranje’ foi sua mãe. “A Holanda foi vice-campeã do mundo, em 2019, campeã da Europa, em 2017, e realmente me queria”, explicou a jogadora do Lyon, em uma entrevista concedida, em maio, à agência AFP. “Tenho uma história rara. Nasci nos Estados Unidos, antes de chegar aos seis anos à Espanha, no País Basco, de onde é a família do meu pai. Tenho um vínculo com a Holanda pela minha mãe. Existe uma parte de mim em cada nacionalidade, mas minha cultura é europeia. No final, escolhi a seleção holandesa porque minha mãe sempre foi uma inspiração para mim”, afirmou Egurrola, na entrevista.

Mesmo sendo uma situação rara e que pode gerar um certo nervosismo em alguns, a meio-campista está tranquila e aponta Holanda, França, Inglaterra e Suécia como as favoritas ao título. “Somos muito ambiciosas. Temos um time muito bom, com uma mescla de jogadoras experientes que ganharam tudo nos últimos anos e uma nova geração com muito talento”, descreveu à AFP.

Sua troca não foi tranquila. Egurrola sofreu muitas críticas. Mas, em 8 de abril de 2022, ela estreou pela ‘Oranje’ em um jogo contra o Chipre (vitória holandesa por 12 a 0), disputado em Groninga (Holanda), que teve a presença de sua família. “É muito emocionante. Eu me senti orgulhosa de jogar diante da minha mãe. Foi fácil me adaptar, apesar do estilo de jogo diferente, do idioma e do fato de ter novas companheiras de equipe. Eu me integrei bem à seleção”, explicou a jogadora.

Pela seleção holandesa, ela já disputou 19 jogos, três deles no Mundial da Austrália e Nova Zelândia. Para o jogo contra a Espanha, nas quartas de final, o técnico Andries Jonker disse que irá conversar com Egurrola. “Ela conhece muito bem as espanholas. Vai nos ajudar a analisá-las e vou falar com ela, com certeza”, disse Jonker, em entrevista coletiva. Ainda reserva na seleção holandesa, Damaris Egurrola conquistou, no Lyon, o Campeonato Francês e a Copa da França na última temporada.

Espanha e Holanda enfrentam-se pelas quartas de final da Copa do Mundo Feminina, hoje, dia 10, às 22h (horário de Brasília). Quem vencer aguarda a ganhadora do jogo entre Japão e Suécia, que acontece sexta-feira (11), às 4h30. Até agora, La Roja tem três vitórias e uma derrota, enquanto a Oranje tem três vitórias e um empate. 

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube