Senadora muda versão e agora afirma que as denúncias que fez sobre o tráfico sexual de crianças na Ilha de Marajó foram baseadas “em conversas que teve com populares na rua”

Declaração de abusos sexuais pela ex-ministra aconteceu durante o evento religioso. Foto: Reprodução/Igreja Assembleia de Deus Ministério Fama

Damares Alves (Republicanos), ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e senadora eleita pelo Distrito Federal, se contradisse nesta quinta-feira (13), em entrevista à Rádio Bandeirantes. Hoje ela admitiu que sua declaração tem como base “conversas com o povo na rua” e não que o ministério onde atuava, no governo de Jair Bolsonaro (PL), teria recebido registros de crianças vítimas de estupro na Ilha de Marajó, no Pará, como tinha afirmado anteriormente.

No último sábado (8), durante um culto em um igreja da Assembleia de Deus em Goiânia, ela falou da existência de uma suposta rede de tráfico e crimes sexuais contra crianças paraenses. “Nós temos imagens de crianças de 3 e 4 anos que, quando cruzam as fronteiras, tem seus dentes arrancados para não morderem na hora do sexo oral”.

Agora Damares afirma, “o que eu falo no meu vídeo são as conversas que eu tenho com o povo na rua. Eu não tenho acesso, os dados são sigilosos, mas nenhuma denúncia que chegou na ouvidoria (do ministério) deixou de ser encaminhada”.

Ministério Público

O Ministério Público do Pará (MPPA) solicitou, na terça-feira, à ex-ministra Damares Alves (Republicanos), eleita senadora pelo Distrito Federal, informações sobre as denúncias que fez nas redes sociais de tráfico infantil e crimes sexuais na Ilha de Marajó, no norte do Estado.

No fim de semana, Damares afirmou  que o presidente Jair Bolsonaro (PL) ordenou medidas para o resgate das crianças que teriam sido traficadas.

“Fomos para a Ilha do Marajó e, lá, descobrimos que nossas crianças estavam sendo traficadas. Nós descobrimos que essas crianças comem comida pastosa para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal. Bolsonaro disse: ‘Nós vamos atrás de todas elas’. E o inferno se levantou contra esse homem”, disse Damares Alves.

O Ministério Público, no entanto, informou, por meio do ofício, que até o momento “nenhum dos fatos relatados pela ex-ministra Damares Alves foi encaminhado formalmente aos promotores de Justiça que atuam na região do Marajó”.

Agora, a aliada de Bolsonaro tem até cinco dias para enviar as informações que confirmem a existência do tráfico de crianças para fins sexuais na região.

Prevaricação

Diogo Gradim, membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político, afirma que a ex-ministra pode responder por crime comum (prevaricação) caso suas primeiras declarações sejam verdadeiras. “Havendo um crime praticado na esfera de atuação do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, ela teria obrigação legal de comunicar às autoridades. Não o fazendo, caracteriza-se o crime de prevaricação”.

Com informações de Correio do Brasil e agências de notícias

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