Atualizado em 07/03 09h32

Sete crianças de 12 a 13 anos tiveram o acesso barrado na entrada de um dos brinquedos do Playcenter Family, parque de diversões do Shopping Aricanduva, em São Paulo. As crianças estavam acompanhadas por Gabriel Henrique Rodrigues da Silva que relata que, ao tomar providências sobre o impedimento, se certificou de que havia racismo e classismo no tratamento dado a elas.

Gabriel integra uma associação da Igreja Metodista e levava crianças carentes com quem ele trabalha para comemorar o aniversário de uma delas. Ele conta que recebeu autorização dos pais e responsáveis e as crianças saíram como normalmente se portavam, de chinelos e boné. Ao entrar no shopping e no parque de diversões, Gabriel sentiu os olhares desconfiados dos seguranças do local. As crianças entraram na fila de um dos brinquedos mas a atendente pediu para elas se retirarem, pois estavam sozinhas.

Foto: Arquivo / Gabriel Henrique

“Essa abordagem aconteceu porque eram pretas e pobres. Não barraram nenhuma outra criança, só as minhas que estavam se divertindo sem fazer nada demais”, disse Gabriel à reportagem da UOL. Ele reforça que outras crianças brancas, que também estavam sozinhas, não foram impedidas de entrar. A atendente teria dito que havia recebido orientações específicas em relação às crianças negras que foram barradas.

Ao tomar providências e contactar dois gerentes do espaço, disseram que receberam reclamações de que as crianças estariam pedindo dinheiro e “batendo carteira”. Uma das gerentes contou que o parque tem um histórico de receber crianças em situação de vulnerabilidade que sempre vão para “causar confusão”.

“Eu me exaltei e comecei a chorar, porque eu vi que era racismo na sua forma mais pura de discriminação por não estarmos vestidos como eles gostariam”, relata.

Ainda conforme a reportagem do UOL, Gabriel registrou um boletim de ocorrência online e tem a intenção de entrar com ação civil contra o espaço para que responda criminalmente. Depois que ele registrou uma reclamação no “Reclame Aqui”, Gabriel chegou a receber um telefonema do Shopping, em que afirmaram que verificariam o caso.

Em nota enviada à NINJA, o Grupo Playcenter lamenta a situação e “enfatiza que os procedimentos e orientações foram reforçados com todos os colaboradores”. Confira a nota na íntegra:

Nota de esclarecimento
 
O Grupo Playcenter informa ter conhecimento sobre o fato ocorrido no dia 27 de fevereiro, que envolve visitantes nas dependências do Parque Playcenter Family, localizado no Shopping Aricanduva, zona leste de São Paulo.
 
O Grupo lamenta por tal situação e enfatiza que os procedimentos e orientações foram reforçados com todos os colaboradores. Na ocasião, a equipe do parque prestou esclarecimentos ao responsável pelos menores, colocando-se à disposição para qualquer necessidade.
 
Com mais de 50 anos de história e referência no setor, o Grupo Playcenter repudia qualquer tipo de discriminação e reafirma a sua missão em proporcionar alegria, diversão e entretenimento para todos.