Foto: JC Imagem

Uma menina de 6 anos foi morta após ser baleada, nesta quarta-feira (30), em Porto de Galinhas, no município de Ipojuca, Litoral Sul de Pernambuco. No local, policiais do BOPE teriam feito operação contra suspeitos de envolvimento no tráfico de drogas. A menina morreu após um tiro no peito e levada imediatamente para a UPA de Ipojuca, mas não resistiu. Desde essa data, moradores têm se mobilizado em protestos contra a ação policial que ocorreu na comunidade de Salinas.

“A polícia entrou (na comunidade) já atirando e acertou uma criança que correu. Isso aconteceu por volta das 17h30”, afirmou, ao jornal JC, Suzanete Nana, representante do Conselho Tutelar de Porto de Galinhas e Maracaípe.

Um dos moradores descreveu o crime como uma “ação despreparada da polícia” na comunidade. “Não houve confronto com bandidos, não teve tiroteio ou qualquer coisa que justifique minimamente uma perseguição com disparos em ruas cheias de moradores, entre elas crianças. A ação totalmente desproporcional, antiética e desrespeitosa com a comunidade matou dessa vez uma criança, e não foi a primeira, mas precisa ser a última”.

Outra moradora relatou à Mídia NINJA que há quase um mês as comunidades de Socó, Salinas e Pantanal vêm sofrendo com a violência policial. “Essa tragédia já vinha sendo assustadoramente anunciada. Na rua onde moro os helicópteros voam constantemente há dias por mais de uma hora, com policiais armados de fuzis, voam tão baixo que as portas da casa trepidam. É assustador”, disse.

“Devido à exploração do turismo, quase nunca esses casos ganham notoriedade. Com a força do grito das comunidades e a dor do luto por Heloysa os moradores estão se mobilizando para paralisar as atividades comerciais e turísticas em Porto de Galinhas nos próximos três dias, como forma de luto e protesto pela vida de uma criança negra ceifada pelas mãos do Estados”.

Os moradores interditaram a principal via de acesso à praia de Porto de Galinhas, nesta quinta-feira (31), ateando fogo nas pistas. Muitos comunitários afirmam convictos que a criança foi baleada diretamente pela polícia por bala de fuzil. Cerca de 20 viaturas policiais estiveram no local, além do Corpo de Bombeiros, para conter o protesto.

Ainda conforme o JC, esta não é a primeira vez que os moradores de Salinas se revoltam contra ações policiais. Em 19 de março, a comunidade fez um protesto após a morte de duas pessoas, supostamente por policiais do Bope.

O que diz a polícia

Em nota, a Polícia Civil diz que qualquer afirmativa é prematura e que o caso está sob investigação. “A Polícia Civil de Pernambuco informa que está investigando as circunstâncias da morte de uma criança, na comunidade de Salinas, em Porto de Galinhas, onde há uma operação da PMPE para combater associações criminosas com atuação no tráfico de drogas. É prematuro, neste momento, fazer afirmativas”.

A Polícia Militar afirma que só haverá outro pronunciamento oficial após a conclusão dos trabalhos. Leia a nota na íntegra:

“A Polícia Militar informa que houve confronto entre uma equipe do BOPE e indivíduos suspeitos de envolvimento no tráfico de drogas na comunidade de Salinas, em Porto de Galinhas.

Lamentavelmente, uma criança foi atingida, tendo sido socorrida pelo próprio BOPE e populares. A ocorrência segue em andamento e ainda não é possível afirmar em que circunstâncias se deu o fato e nem de onde partiu o tiro que a feriu.

A PM continua no local e intensifica sua participação na área com coordenação do 18º BPM. Somente quando a situação estiver controlada, será possível prestar maiores informações sobre a ocorrência”.