Grevistas entraram no quarto dia sem receber alimento e manifestações públicas de apoio multiplicam-se em todo país e até no exterior.

Grevistas entraram no quarto dia sem receber alimento e manifestações públicas de apoio multiplicam-se em todo país e até no exteriorA frase tem se repetido como um mantra do bem contra a covardia do governo golpista que insiste na reforma trabalhista que castiga trabalhadores e trabalhadoras, mas mantém privilégios das classes mais abastadas: “Estamos passando fome hoje, para evitar que muita gente passe fome por uma vida inteira”. Assim Frei Sergio Görgen (RS), Josi Costa (PI) e Leila Denise (RO) entraram no quarto dia de greve de fome contra a reforma trabalhista, vendo se multiplicar de norte a sul do país e na América Latina, as manifestações de apoio e solidariedade ao ato e a causa. A expectativa é de que ao longo dos próximos dias a pressão da população sobre os deputados e deputadas de todos os partidos se fortaleça para que a matéria seja retirada de pauta pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

Representantes de organizações sociais, movimentos populares, partidos políticos alinhados à oposição e até parlamentares de outros partidos que individualmente não concordam com o projeto do governo golpista somaram força ao ato dos três camponeses, o que foi reafirmado na manhã de ontem (07) em entrevista coletiva concedida ainda nas dependências da Câmara, cuja mensagem final foi o chamado de uma grande vigília nacional em solidariedade aos grevistas mas principalmente em demonstração pública de contrariedade com os rumos que o governo tem dado ao país.

– A cada dia vivemos um novo golpe, que carrega de ônus sempre a classe pobre enquanto os bônus seguem sendo entregues a classe rica -, refletiu Josi Costa. “Queremos dizer que estamos fortes e encorajados com tantas manifestações de apoio que estão chegando, por isso decidimos manter a greve por tempo indeterminado, até que a reforma da previdência caia”, acrescentou. Para a grevista, que vem do estado Piauí, a reforma não atinge apenas os camponeses, mas todos os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil. “E é por todos que estamos lutando, até por aqueles que estão iludidos pela propaganda do governo e se colocam contra nós, nós também lutamos por eles, porque logo a fome também vai bater na porta deles e nós não queremos ver ninguém passando por isso no nosso país”, concluiu.

Leila Meurer, que vem de Rondônia, destaca que a greve de fome é extrema, mas que também existem outros conflitos extremos que estão acontecendo e colocando a vida de milhões de brasileiros em jogo, “por isso nós colocamos as nossas vidas a disposição nessa luta”, afirmou. Na sua declaração pessoal, relembrou que já se congelou e retirou recursos da saúde e da educação e agora se quer restringir o acesso do trabalhador e da trabalhadora à previdência social. “Estamos dispostos a continuar essa greve, é uma decisão nossa, amparada pelos nossos companheiros e companheiras, pelo coletivo de muitas organizações que vem se somando”, confirmou a grevista, lembrando ainda que foram necessários muitos anos de esforço para tirar o Brasil do Mapa da Fome e em menos de dois anos o governo golpista trouxe a fome de volta à porta do povo brasileiro.