Nas últimas eleições presidenciais, respectivamente em 2014 e 2018, o Brasil registrou  19,29% e 20,19% de ausências

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Por Hellen Sacramento

O ex-presidente Lula está focado em convencer a população de renda inferior a ir votar, incentivando que os transportes públicos disponibilizem gratuidades, como foi realizado em algumas capitais do país na primeira etapa, dia 2 de outubro.

A abstenção no 1° turno das eleições de 2022 foi de mais de 32 milhões, segundo as estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral. Com base nas votações anteriores, a probabilidade dos eleitores não voltarem às urnas no segundo turno é maior.

Na apuração de 1998, as abstenções no país chegaram a 21,49%. A eleição de 2022, ainda no 1° turno, foi a única que se aproximou deste marco com 20,9%. Os maiores índices de abstenção se deram na região sudeste, com 7 milhões de eleitores ausentes em São Paulo, 3 milhões em Minas Gerais e 2 milhões no Rio de Janeiro. Só na região sudeste, mais de 13 milhões de eleitores não votaram este ano. 

Nas últimas eleições presidenciais, respectivamente em 2014 e 2018, o Brasil registrou  19,29% e 20,19% de ausências do eleitorado no primeiro turno. 

Os eleitores que decidiram não votar na região Nordeste foi de 20% em 2014. O Sudeste do país teve um total de 21,99% em 2018 e uma redução em 2022 com 21,96%.

No segundo turno das eleições de 2014, o crescimento das pessoas que não foram às urnas foi de 21%, e em 2018 foi de 21,16%. A região Norte fica no topo das abstenções do país com 23,69% em 2014, e depois 23,23% em 2018. 

Motivos das abstenções

O público mais jovem, entre 21 e 24 anos, registrou o maior índice com 44,37% por faixa etária. E o grupo de 25 a 29 anos teve 44,42%. As pessoas que não votaram com base na análise de ensino superior incompleto foi de 8.561,877. 

Para o jornalista Antonio Lavareda, doutor em ciências políticas e mestre em sociologia, em entrevista à CNN, a renda e escolaridade baixas estão interligadas: “Esse segmento alimenta a maior porção dos 32 milhões que se abstiveram. Eu denomino de abstenção compulsória. São pessoas que não têm condições de ir votar por conta do preço do transporte. Para essas pessoas, tirar do bolso R$4, R$8 para votar significa tirar comida da mesa. No caso das mulheres chefes de família, ir votar e fazer o quê com os filhos? Não tem creche aberta no domingo.”

O cientista político acredita que a abstenção por parte dos mais novos ocorre por desinteresse sobre as políticas do país. Ele acrescenta que os faltosos podem interferir nas duas campanhas eleitorais. Já que Lula dialoga mais com o público de renda baixa, e Jair Bolsonaro com a classe média e alta. A falta dos pobres nas urnas pode prejudicar o ex-presidente.

O fato do segundo turno ser 3 dias antes de um feriado prolongado, 2 de novembro, quando é comemorado o Dia de Finados, Bolsonaro pode perder seu eleitorado de classe média para as viagens de férias. 

Decisão do STF

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, liberou nesta terça-feira (18) que as concessionárias e prefeituras ofereçam gratuidade nos transportes para o 2° turno. A decisão foi tomada após uma reunião com os integrantes da campanha eleitoral do PT que expuseram suas análises:“Queremos a extensão dos efeitos dessa liminar, garantir que haja repetição disso no segundo turno, que as empresas concessionárias mantenham e que a Justiça eleitoral requisite veículos municipais, estaduais, públicos, sobretudo nas zonas rurais, e com isso garanta a remoção de barreira econômicas ao exercício do direito do voto”, disse o ex-governador do Maranhão e senador eleito, Flávio Dino (PSB), um dos participantes do encontro de segunda-feira (17) com Barroso no STF. 

O ministro afirmou que a sua decisão é pautada na garantia constitucional do direito ao voto, sem partidarismo. Ele afirmou que não é uma obrigatoriedade imposta às empresas que liberem o serviço, mas sim de forma voluntária. Acrescentou que deve-se manter o funcionamento normal dos transportes por todo o domingo (30), e as empresas que já dispõe da gratuidade tem de continuar. 

#VaiVotar

A campanha do 1° turno está de pé. A hashtag #Vaivotar mobilizou as redes sociais antes do dia 2 de outubro com diversos artistas e influenciadores incentivando a população a votar. Nova onda de mobilização se iniciará nos próximos dias para conscientizar a população a ir às urnas.