CPI será prova de fogo para governo Bolsonaro esta semana

Caminhando para sua terceira semana de trabalhos no Senado Federal, a CPI da Covid promete nos próximos dias uma avalanche de notícias negativas para a gestão negacionista do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, prestará depoimento à CPI nesta terça-feira (18), às 9h. Ele será cobrado a explicar como se desenvolveram as negociações do Itamaraty com outros países para adquirir vacinas e insumos.

Na quarta será ouvido Eduardo Pazuello. O depoimento do ex-ministro da Saúde estava marcado para a primeira semana da CPI, mas foi adiado após ele comunicar que passaria por quarentena após ter contato com assessores com Covid-19.

Na última sexta-feira (14), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, concedeu habeas corpus para possibilitar que Pazuello fique em silêncio ao depor. Porém, ele não poderá deixar de responder às perguntas sobre terceiros na gestão da pandemia.

Para o senador e vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), é lamentável que Pazuello fique em silêncio na comissão.

“Recorrer ao STF é um direito que é assegurado pela Constituição, mas eu considero lamentável. Pazuello poderia prestar uma contribuição enorme nessa investigação, visto que ele foi o ministro da Saúde que ficou mais tempo no cargo. Ele ficou no Ministério da Saúde por 7 meses e nesse tempo foi quando ocorreram essas omissões em relação à vacina”, disse em entrevista à Globo News no sábado (15).

‘Capitã cloroquina’ quer ficar em silêncio na CPI

Já na quinta, a CPI deverá ouvir a médica Mayra Pinheiro, também conhecida como “Capitã Cloroquina”. Assim como Pazuello, ela também apresentou habeas corpus para garantir direito ao silêncio na CPI.

Mayra Pinheiro é apontada como uma das responsáveis pela distribuição de cloroquina, medicação que, de acordo com vários estudos, é ineficaz contra a Covid-19 e ainda pode acarretar problemas cardíacos. Além disso, Mayra foi uma das médicas que puxou vaias contra os médicos cubanos que vieram ao Brasil participar do programa Mais Médicos.

A comissão parlamentar de inquérito investiga atos e omissões do governo federal no combate à pandemia de Covid-19, assim como o uso de verbas federais enviadas para estados e municípios. Na última semana, o depoimento bombástico do representante da Pfizer, Carlos Murillo, revelou que o governo Bolsonaro chegou a recusar cinco ofertas para o Brasil adquirir vacinas com antecedência.