Negritude e ritmo do samba reggae tomam conta do Pelourinho em dias de jogos da seleção brasileira

Foto: Olodum no pré-jogo entre Brasil x Sérvia. Foto: Admilson Boaventura

Por Rafael Lucas / Caras Pretas

Nas últimas nove Copas do Mundo, os tambores do Olodum têm embalado a seleção brasileira com muito samba reggae, gingado e negritude.

Ao longo dos 43 anos de existência, a banda ecoa seus tambores pelas praças do Pelourinho, em Salvador (BA), e por palcos de todo o mundo. No período da Copa, os Olôdunicos, como são carinhosamente apelidados, se tornam uma verdadeira Torcida Organizada que emana muito axé para a seleção canarinho.

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A mistura entre o futebol, Samba Reggae e cânticos que, em sua grande maioria versam sobre o povo preto, ganhou projeção nacional após transmissões televisivas no mundial de 2002, disputado na Coréia do Sul e Japão.

Mas antes desse destaque, o ritmo dos tambores já fazia muita gente balançar nas ruas de pedras do Centro Histórico da Capital Baiana durante as Copas do Mundo do fim do século XX.

Quando começou

Essa grande festa popular e preta começou no Mundial de 1990. Na época, o então vice-presidente da banda, Petronilio Alves de Jesus, decidiu que o grupo passaria a tocar em cada um dos jogos da seleção brasileira.

Naquele ano, o Brasil foi eliminado nas oitavas de finais pelos rivais argentinos em uma partida cercada pela histórica polêmica da “água batizada”. No entanto, o Olodum honrou suas raízes africanas e manteve os encontros, só que dessa vez os tambores mandavam energia para a seleção de Camarões.

Ritmo que contagia

Seu Luiz Fernando acompanhando o jogo do Brasil no Pelourinho ao som do Olodum. Foto: Admilson Boaventura

Balançar ao ritmo da percussão Olôdunica para muitos é uma sensação única. “Não existe nada melhor. Toda Copa estou aqui. O Olodum e a Bahia são o Brasil no Mundial”, disse o aposentado Luiz Fernando (68) ao Ninja Esporte Clube antes do início da partida em que o Brasil venceu a Sérvia por 2 a 0.

Fundado em 1979, o Olodum foi criado por moradores do Pelourinho, bairro marginalizado na época, como uma alternativa para festejar o carnaval. O então grupo nasceu como uma expressão de herança da cultura africana. Em 1986, o grupo passou a difundir em seus tambores a batida do Samba Reggae, ritmo criado por Antônio Luís Alves de Souza, mais conhecido como Mestre Neguinho do Samba.

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube