O torneio, que acontece desde 2019, conta, hoje, com 100 times amadores

Foto: Reprodução

Por Francielli Felix

O Festival de Várzea, que acontece desde 2019, contou, em seu primeiro torneio, com 72 times amadores. As atletas participantes, todas da região de São Paulo, ocupam 6 campos de futebol localizados no Complexo Esportivo do Campo de Marte. 

Porém, para esse campeonato acontecer, uma mulher teve muita importância: Marta Amorim, de 38 anos, fundadora da Liga. Desde pequena, seu sonho era se tornar jogadora de futebol. Jogava no Sesc, ao lado dos irmãos, primos e vizinhos, sem nunca imaginar que se tornaria presidente do festival, técnica e dirigente do time Apache. 

O seu primeiro contato com jogadores, como treinadora, foi no futebol masculino, em 2015, ao lado do seu marido, também apaixonado pelo esporte. No time de várzea, ele ensinou a ela um pouco de tudo, inclusive as táticas. 

Foto: Cassimano Divulgação – Maria Amorim e seu marido, Beto: fundadores do evento.

Vendo tudo aquilo, Maria teve uma ideia: fazer um festival de campeonato de várzea para mulheres. Para chegar a essa conclusão, ela notou o grande número de times de várzea masculinos e percebeu que algumas mulheres também tinham interesse em jogar. Mas, para isso, era preciso um campeonato feminino, e foi aí que nasceu, em 2019, com a ajuda de voluntários,  a Liga Feminina de Futebol Amador de Palheiros.

Muitas meninas iniciaram sua trajetória no esporte nesse campeonato, mas elas tiveram grandes dificuldades, pois não havia nenhuma ajuda do governo ou da prefeitura. Para que o torneio pudesse acontecer, rifas eram vendidas, e era com esse dinheiro que podiam pagar os árbitros e os seus troféus. Devido à pandemia, nos três anos que se seguiram – 2020, 2021 e 2022 -, não houve campeonato.

Neste ano de 2023, no dia 16 de julho, antes da Copa do Mundo, o campeonato voltou a acontecer. Hoje, o torneio conta com 100 times amadores e com ajuda da prefeitura,  do Museu do Futebol, do Sesc São Paulo e de outros apoios do governo estadual e federal, além de uma grande parceria com a empresa Poker Esportes e o app Ritmo do Esporte.

Foto: Reprodução Instagram – Time Soyfrida é um dos participantes do festival

Por conta do aumento das inscrições de times de amadores, o festival foi transferido para o Parque Sete Campos, na Zona Sul. A narração dos jogos é de Roseli, ex-jogadora da seleção feminina, e de Vivi Falconi. Apesar dos avanços, ainda existe muito machismo e preconceito no esporte. Sendo o Brasil considerado o país do futebol, é necessário maior investimento na categoria feminina, principalmente nas de base, já que é de lá que saíram grandes jogadoras que estão, hoje, na seleção feminina.

Também não se deve esquecer dos times de várzea, pois é ali onde começa a vida de uma jogadora, participando de campeonato que, muitas vezes, vem de doação e com investimento de empresários do próprio bairro. Elas começam jogando no campo do bairro, quase sempre com chuteira emprestada ou precisando trabalhar para poder comprá-la. Aquele sonho de menina, no tempo em que tudo era brincadeira, jogando de pés descalços, começa a se tornar realidade,

Com investimento, o futebol feminino tem chance de, pelo menos, tentar chegar no mesmo patamar que o masculino. A visibilidade não só possibilita a participação em torneios como o Campeonato Brasileiro, Libertadores, Copa sul-americana e até a Copa do Mundo, mas também influenciam no salário e nas bonificações que, muitas vezes, as atletas nem chegam a receber. Isso faz com que precisem tirar do seu próprio bolso para poder jogar e, eventualmente, desistam da carreira. Com as melhorias necessárias, há grandes chances de virem novas ‘Martas’, e, como ela própria disse, em entrevista após a derrota que eliminou o Brasil, “As coisas não acontecem de um dia para o outro”.

Fontes: Veja SP, Metrópoles e Notícias da Região

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube