Foto: Ira L. Black/Corbis via Getty Images

Por Sérgio Madruga e equipe S.O.M

A 64ª edição do Grammy Awards, que ocorreu no último domingo (3), será inesquecível para Jon Batiste. Após ser indicado em 11 categorias, o artista de 35 anos levou cinco, incluindo a maior da noite, de Álbum do Ano. Apesar de ter sido a primeira vez que o jazzista leva troféus do Grammy para casa, Jon Batiste já soma anos de carreira, um currículo ilustre e feitos que valem a pena conhecer.

Um dos fatos poucos difundidos nas mídias locais é o histórico recente de Jon Batiste nos protestos Black Lives Matter em Nova York. We Are, o projeto que fez a trilha sonora de grandes manifestações na cidade foi o mesmo que trouxe ao músico o mais esperado prêmio dos Grammys.

Separamos 10 fatos que consideramos importantes para conhecer o músico que desbancou astros pop como Justin Bieber, Olivia Rodrigo, Doja Cat e Billie Eilish.

1. A música veio do sangue

Jonathan Michael Batiste nasceu no dia 11 de novembro de 1986, na cidade de Nova Orleans, em Louisiana. A família Batiste é uma das mais relevantes no cenário musical da cidade, com uma linhagem de músicos que ultrapassam gerações.

Composta por mais de 25 músicos, a longa e lendária linha de talentos da família de Jon inclui o próprio pai Michael Batiste e grandes conhecedores do jazz, como Lionel Batiste da Treme Brass Band, Milton Batiste da Olympia Brass Band e Russell Batiste Jr.

2. Inspiração nos videogames

Com apenas 8 anos de idade, Jon já sabia tocar percussão e bateria. Aos 11, começou a tocar piano, como sugestão de sua mãe.

Como a maioria das crianças, Batiste adorava videogames. Mas ele tinha um diferencial. Fascinado, Jon sempre questionava por que a música melhorava a experiência de jogo dos jogadores e as histórias que eram contadas. O gênio do jazz usou as partituras e trilhas sonoras dos jogos como inspiração musical inicial, graças a títulos como Street Fighter Alpha, Final Fantasy VII e Sonic the Hedgehog.

3. Nova York

Aos 17 anos, mudou para Nova York, onde começou a estudar na Julliard School, referência no ensino de música, dança e teatro.

4. A primeira banda e a paixão pela rua

Em 2005, Jon juntou-se com outros amigos músicos e criaram a banda Stay Human, que passou a tocar regularmente em diversos lugares de Nova York, incluindo performances de rua que foram batizadas de “Love Riots”.

Eles faziam pequenos shows para passageiros de metrô. Seus projetos refletiam diretamente sobre o impacto influente que a música poderia ter na cultura da cidade.

“A música sempre foi uma maneira das pessoas suportarem dificuldades e descobrirem como realmente podem se conectar com a própria humanidade. Ou até mesmo perceber como tudo ao seu redor está tentando esmagar a sua humanidade”, disse ele ao New York Times.

Nos metrôs, Jon chamava sua música de “motins de amor”. Ele explicou: “O que aconteceu esta noite é o que chamamos de motim de amor… Há amor que se espalha entre todos através da música e é como um motim porque paramos a rua”, disse ao People, demonstrando um amor intenso pelas ruas de Nova York.

5. The Late Show With Stephen Colbert

Seu talento lhe rendeu a oportunidade de ser líder da banda e diretor musical do programa de televisão The Late Show With Stephen Colbert, um dos principais talk-shows dos Estados Unidos.

A presença na TV fez a banda disparar em apresentações mundo afora. Eles já tocaram em mais de 40 países diferentes.

Foto: Divulgação / CBS

6. Sucesso mundial

O jazzista possui mais de 15 projetos gravados, incluindo álbuns de estúdio, álbuns ao vivo, singles e compilações.

Batiste tornou-se o primeiro diretor musical da revista The Atlantic em 2017 e é co-diretor criativo do National Jazz Museum no Harlem. Ele foi destaque em campanhas publicitárias para Chase, Apple, Lincoln e várias marcas de moda, incluindo Ralph Lauren, Barney’s, Nordstrom e H&M. Sua música “Freedom” foi apresentada no Torneio da NCAA e serviu como o rosto de Nova Orleans antes da Final Four de sábado à noite no Caesars Superdome.

Ao todo, Jon Batiste já foi indicado ao Grammy 14 vezes.

7. Soul

Um de seus projetos mais aclamados é a trilha sonora do filme de animação “Soul”, da Disney/Pixar. O trabalho de sucesso resultou no Oscar de Melhor Trilha Sonora Original – em 2020 -, tornando-o o segundo compositor negro na história a ganhar um Oscar de composição. A trilha de “Soul” também lhe rendeu um Globo de Ouro, BAFTA, NAACP Image Award e um Critic’s Choice Award.

Foto: JP Yim/Getty Images

8. We Are Activists

Seu último e premiado álbum “We Are” foi idealizado a partir dos tristes assassinatos de George Floyd e Breonna Taylor, que culminaram nos protestos Black Lives Matter, nos quais Jon esteve à frente.

Batiste participou do evento Juneteenth no Brooklyn em 12 de junho do ano passado, um show de protesto que faz parte de uma série chamada “We Are”. Cercado por centenas de manifestantes silenciosos, o ativista musical apresentou uma versão da “Star-Spangled Banner”.

“O jeito que Jimi Hendrix pegou a música, o jeito que Marvin Gaye ou Whitney fizeram – essa tradição é o que eu penso quando toco”, disse ele à multidão. “A diáspora que eles infundiram nela é uma resposta às ideologias tóxicas que estão embutidas na música e, portanto, na cultura”.

9. Broadway vem aí

A partir de maio, o artista estreará seu novo show “American Symphony” no lendário Carnegie Hall, além de estar desenvolvendo um novo musical da Broadway sobre o pintor Jean-Michel Basquiat.

10. Jon no cinema

Ele foi escalado para o filme de Spike Lee, Verão em Red Hook (Red Hook Summer), e apareceu em três temporadas de Treme, da HBO, uma série sobre sua cidade natal, Nova Orleans. Ambos os personagens que ele interpretou eram músicos de jazz.

“Bem, eu estava apenas tentando descobrir uma maneira de apresentar minha música, e os produtores me pediram para ler e testar”, disse ele ao The Juilliard Journal. “O personagem principal, Antoine Batiste, é baseado em um dos membros da minha família”.

Com informações de People e Independent