Por conta de seu desempenho excepcional nos esportes, Kaepernick recebeu várias ofertas de bolsas de estudo em universidades

Foto: National Football League

Por Francisco Paulo

Colin Rand Kapernick nasceu em 3 de novembro de 1987, em Milwaukee, nos Estados Unidos. Sua mãe o teve com apenas 19 anos e seu pai tem identidade desconhecida, pois se separou antes do nascimento e , por conta disso, Colin foi colocado para adoção quando tinha apenas um mês de vida. Então, Rick e Teresa Kaepernick, um casal branco, adotou o garoto. Ele ainda viveu no seu estado ne nascimento até os 4 anos, quando a família se mudou para Califórnia.

Foi lá que Kaepernick começou sua carreira de atleta, aos 8 anos, na John H. Pitman High School. Ele começou atuando como defensor, mas logo sua qualidade apareceu e um ano depois se tornou o quarterbeck titular da equipe. Além do futebol americano, Colin jogava basquete e beisebol, sendo indicado para a seleção estadual em todos os três esportes em seu último ano de colégio.

Por conta de seu desempenho excepcional nos esportes, Kaepernick recebeu várias ofertas de bolsas de estudo em universidades. Contudo, a maioria das ofertas eram para jogar beisebol, enquanto ele queria jogar futebol americano. A Universidade de Nevada foi a única faculdade que lhe ofereceu uma bolsa de futebol e acabou sendo a opção de Colin. Kaepernick teve uma carreira universitária brilhante, terminando com 10.098 jardas passadas, 82 touchdowns de passe, 24 interceptações, 4.112 jardas corridas e 59 touchdowns corridos. Ele se tornou o primeiro quarterback na história do futebol universitário a passar por mais de 10.000 jardas e correr para mais de 4.000 jardas em uma carreira universitária, um feito que não foi repetido. Contudo, o mundo do beisebol não havia esquecido de Colin e, mesmo com ele jogando futebol americano na faculdade, foi escolhido pelo Chicago Cubs para atuar na MLB. Porém, ele recusou e seguiu seu sonho no futebol.

Em 2011 seu grande momento chegou, ele foi escolhido pelo San Francisco 49ers e entrou para a NFL. Colin foi reserva durante toda a sua primeira temporada e seguia sendo em sua segunda, até que o titular Alex Smith se lesionou numa partida contra o St. Louis Rams, dando a oportunidade que Colin esperava. Então, ele brilhou e conseguiu conquistar o posto de titular no restante dos jogos. Com isso, a equipe foi para os playoffs e logo em sua primeira vez na disputa, Kaepernick quebrou o recorde de um único jogo da NFL para mais jardas corridas por um quarterback, com 181. Kaepernick conseguiu levar a equipe ao SuperBowl daquela temporada, mas acabou perdendo por 34-31 para o Baltimore Ravens.

Após isso, Colin seguiu como um dos melhores quarterbacks da liga por mais quatro temporadas, até que em 2016 ele passou a protestar contra violência policial e se ajoelhar durante o hino nacional.

“Não vou me levantar para mostrar orgulho a uma bandeira de um país que oprime negros e negras. Para mim, isso é maior do que o futebol e seria egoísta eu ignorar isso. Há corpos na rua e pessoas recebendo licenças pagas e se safando de assassinatos”, disse Colin à NFL.

Ao término daquela temporada, seu contrato com San Francisco 49ers chegou ao fim e Colin se preparou para buscar novos ares. Entretanto, ele foi esquecido pelas equipes e não recebeu propostas. O “esquecimento” chamou atenção dos especialistas, que não entendiam como um jogador de elite poderia estar sendo deixado de lado. Até que entenderam se tratar de uma “guerra fria” entre Kaepernick e a NFL, motivada pelos protestos do jogador durante aquela temporada. Apontaram até mesmo um suposto envolvimento do então presidente, Donald Trump, que criticou a atitude do jogador.

Por conta disso, uma semente de desinformações sobre Colin foi plantada. Executivos e donos começaram a afirmar que ele não estava focado no esporte, que ele estava mais preocupado com ativismo e até mesmo duvidaram de sua condição física após ele se declarar vegetariano. Contudo, as falas foram rebatidas na mesma medida, quando apoiadores de Kaepernick lembraram que a liga já aceitou sem o qualquer repudio atletas acusados de assédio, agressão e até mesmo assassinato.

Em novembro de 2017, após quase um ano sem jogar, Colin apresentou uma em uma acusação de que a NFL e seus diretores conspiravam para mantê-lo fora da liga. O processo se encerrou em fevereiro de 2019, quando o atleta fez um acordo confidencial com a liga.

Com o assassinato de George Floyd, morto asfixiado por policiais, e o crescimento do movimento Black Lives Matter, Kaepernick foi lembrado pela mídia por seu pioneirismo nos protestos. Ao mesmo tempo, comissário da NFL, Roger Goodell, decidiu fazer uma retratação para pedir desculpas aos jogadores afro-americanos que não tiveram suas reivindicações ouvidas pela liga. A ação foi vista como hipocrisia, pois a liga havia sido omissa no caso de Colin.

Hoje, Kaepernick se mantém focado em retornar a liga e segue treinando para isso. Em maio deste ano ele foi convidado para participar de um treino com o Las Vegas Raiders, mas não conseguiu entrar para o time.

Enquanto isso, Colin Kaepernick segue seu trabalho como ativista. Pouco depois do protesto em 2016, ele e a esposa, Nessa Diab, fundaram o Know Your Rights, um acampamento que para jovens negros e líderes comunitários, que pretende capacitá-los sobre direitos, história norte-americana e do povo negro.