Com a volta da fome no Brasil, pauta é prioridade no próximo governo Lula

Foto: Ricardo Stuckert

Por Maria Vitória Moura

Em 2003, ao assumir a presidência, Lula disse em seu discurso que se ao final do seu mandato os brasileiros pudessem fazer três refeições por dia, ele teria cumprido a missão de sua vida. Durante seu governo, graças a políticas públicas de fomento de renda, educação, saúde e alimentação, Lula recebeu o título de “Campeão Mundial da Luta Contra a Fome”, da Organização das Nações Unidas (ONU). E, finalmente, em 2014, o Brasil saiu do Mapa da Fome da ONU.

Após ganhar as eleições no último dia 30, Lula reforçou seu compromisso em tirar, novamente, o Brasil do Mapa da Fome e reverter o quadro atual, no qual 33 milhões de brasileiros vivem em insegurança alimentar. “Nosso compromisso mais urgente é acabar outra vez com a fome”, disse ele. 

Para isso, o presidente possui uma série de propostas que renovam o quadro de luta contra a fome. Vamos conhecer?

Primeiramente, Lula pretende voltar com o Bolsa Família e recuperar o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), instrumentos importantíssimo para o funcionamento do Bolsa Família, que contará com o auxílio de R$ 600, com o adicional de R$ 150 reais para famílias com crianças de até 5 anos. 

Novamente, o Bolsa Família aplicará condicionalidades, como a frequência escolar e a vacinação de crianças. O que não era feito no Auxílio Brasil, baixando a números mínimos da vacinação no Brasil e trazendo casos de doenças já erradicadas, como a poliomielite. 

Além disso, o controle da inflação é uma medida urgente para o novo governo, principalmente a inflação dos alimentos, que acumulou 11,71% nos últimos 12 meses. Para isso, Lula vai retomar a Campanha Nacional de Abastecimento (conab), que compra do pequeno agricultor, doa parte da produção e armazena uma quantidade de alimento para controlar seu preço no mercado quando necessário. 

Ainda no combate à inflação, outra mudança se dará no mecanismo de preço de paridade de importação (PPI), que, na prática, dolariza os preços dos combustíveis. Mudar o PPI será fundamental para amenizar o impacto do preço dos combustíveis na economia, além de devolver o controle da cadeia produtiva à Petrobras, tendo maior controle dos preços nacionais, o que vai, inclusive, baratear o gás de cozinha. 

O fortalecimento da agricultura familiar também é uma prioridade, com políticas de incentivo e crédito barato para o pequeno produtor. O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), negligenciado no governo Bolsonaro, será novamente fortalecido, levando alimentos da agricultura familiar para a merenda escolar. Ao invés dos ultraprocessados servidos atualmente, as crianças voltarão a merenda arroz, feijão, carne e frutas. 

A geração de empregos e o reajuste do salário mínimo também são essenciais para acabar com a pobreza. Por isso, Lula pretende retomar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para gerar cerca de 5 milhões de empregos. O Minha Casa, Minha Vida também será retomado, garantindo moradia para as famílias e gerando empregos na área de construção. 

“Se somos o terceiro maior produtor mundial de alimentos e o primeiro de proteína animal, se temos tecnologia e uma imensidão de terras agricultáveis, se somos capazes de exportar para o mundo inteiro, temos o dever de garantir que todo brasileiro possa tomar café da manhã, almoçar e jantar todos os dias”, reafirmou Lula em seu discurso de vitória no segundo turno.