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Historicamente negligenciado no mundo do futebol, o continente africano já revelou diversos craques em suas seleções. Mesmo assim, as equipes nunca conseguiram chegar a uma final de Copa do Mundo. O continente perde muitos de seus atletas para as seleções europeias, pois eles optam pelas equipes mais fortes em busca de maiores chances de erguer o troféu mais desejado do mundo. Por isso, muitas das seleções africanas não conseguem ter equipes fortes o suficiente para passar da fase de grupos. Contudo, três seleções já ultrapassaram essa barreira e quase chegaram a uma semifinal: Gana, Senegal e Camarões.

Em 2010, pela primeira vez uma Copa do Mundo era realizada no continente africano, tendo como sede a África do Sul. Foi nesse contexto que Gana fez história. Era apenas a segundo participação do país em mundiais. Haviam sido eliminados na fase de grupos em 2006 e chegavam como azarões em um grupo que tinha Alemanha, Austrália e Sérvia. Dessa forma, os ganeses venceram a partida de estreia contra a Sérvia, empataram com a Austrália e perderam para a Alemanha, se classificando em segundo lugar. Na fase seguinte eles enfrentaram a seleção dos Estados Unidos, novamente cotados como time mais fraco. A partida foi equilibrada, sendo decidida pelo gol solitário de Asamoah Gyan já na prorrogação.

Nas quartas de final, uma pedreira, a equipe africana enfrentaria a fortíssima seleção do Uruguai. Porém, Gana começou melhor e abriu o placar com Muntaria, no último minuto do primeiro tempo. No entanto, os uruguaios reagiram e aos 10 minutos do segundo tempo chegaram ao empate com Diego Forlán, o craque daquela copa. Com o empate no placar, o jogo foi para prorrogação, que estava equilibrada. Até que, no último minuto de jogo Gana chegou ao ataque e faria o gol da classificação, se não fosse a mão do atacante Luís Suárez para tirar a bola. O atacante foi expulso e pênalti marcado para Gana no último lance do jogo. Asamoah Gyan na bola e…NO TRAVESSÃO! A decisão então foi para a disputa de pênaltis, que acabou com vitória do Uruguai por 4×2.

Antes de Gana, Senegal havia sido a última seleção africana a chegar em nas quartas de final. Na Copa de 2002, o país fazia sua primeira participação em mundiais, ficando em um grupo com Dinamarca, Uruguai e França. A partida de estreia foi contra os franceses, os colonizadores do país. Surpreendentemente os senegaleses venceram por 2×0, sendo essa a considerada maior vitória da história do país. Com os ânimos nas alturas, a seleção conseguiu segurar o empate nas duas partidas seguintes e se classificou em segundo lugar.

A primeira partida do mata-mata foi contra a Suécia, do craque Henrik Larsson, que abriu o placar do confronto aos 11 minutos. Os leões senegaleses reagiram e conseguiram o empate, aos 35 minutos, que levou a partida para a prorrogação. No tempo extra, Henri Camara marcou e classificou os leões para próxima fase, o adversário agora seria a Turquia. Apesar das expectativas, Senegal não conseguiu repetir o bom desempenho ofensivo e acabou eliminada para a Turquia na prorrogação, por 1×0.

A primeira seleção africana a chegar longe em uma Copa também é uma das equipes mais lembradas quando o assunto são as zebras dos mundiais, a famosa equipe de Camarões em 1990. Em sua segunda participação, Camarões caiu em um grupo com Romênia, União Soviética e Argentina, na época a atual campeã. Logo na primeira partida, eles enfrentaram a equipe de Maradona e venceram por 1×0. Com a moral de baterem os donos do último troféu, a equipe venceu também a Romênia e se classificou em primeiro lugar, mesmo com a derrota para a União Soviética na última rodada.

Nas oitavas de final o rival seria a Colômbia, que contava com sua melhor geração de jogadores até então. A partida foi muito aberta, com chances claras para as duas equipes, mas o tempo normal acabou em 0x0 e a decisão seria no tempo extra. Foi então que apareceu a figura do artilheiro Roger Milla, que aos 38 anos marcou dois gols e levou Camarões para a fase seguinte. Com a classificação, o próximo adversário era a poderosa Inglaterra.

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Aquela partida foi considerada por muitos a melhor da Copa de 90, visto a ofensividade das duas equipes em busca da vitória. Assim, quem saiu na frente foram os ingleses, com David Platt aos 26 minutos. Camarões reagiu na segunda parte do jogo e chegou ao empate com Emmanuel Kundé e, logo depois, virou com Eugène Ekéké. Os africanos estavam chegando a semifinal, até que aos 41 minutos do segundo tempo o juiz marcou pênalti para a Inglaterra em um lance polêmico, que muitos discordam até hoje da marcação. Gary Lineker que não tinha nada a ver com isso, empatou e levou para a prorrogação. Então, a partida permanecia empatada, quando aos 13 minutos da etapa final o juiz marcou outro pênalti para os ingleses, novamente em um lance contestável. Liniker mais uma vez bateu e fez, classificando a seleção da terra do rei.

Em 2022, Marrocos, Tunísia, Senegal, Camarões e Gana serão as responsáveis por tentar colocar novamente uma seleção africana entre as oito melhores do mundo, ou quem sabe até mesmo entre as quatro melhores, com uma semifinal.