O grande destaque da noite foi o filme “Marighella”, que venceu oito prêmios

Entre os prêmios conquistados, “Marighella” venceu o principal da noite, de Melhor Longa-Metragem Ficção. Foto: Divulgação / Roberto Filho

Por Sérgio Madruga

A 21ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, que aconteceu na noite de 10 de agosto, foi marcada por momentos inesquecíveis! Neste ano, a premiação voltou a ser presencial e retornou ao Rio de Janeiro, ocupando a Cidade das Artes, na Barra da Tijuca. O clima de reencontro e celebração tomou conta do espaço – após anos desafiadores por conta da pandemia e desgoverno.

A cerimônia foi apresentada pelos atores Camila Pitanga e Silvero Pereira, que tiveram entradas triunfais. Silvero cantou a música “Sujeito de Sorte”, de Belchior, em uma performance emocionante. Emocionada com a apresentação, Camila Pitanga soltou um bom e sonoro “a gente quer Lula de novo”, aproveitando a melodia da música. Posteriormente, Silvero também cantou as músicas “Maria Maria”, de Milton Nascimento e “Dias Melhores Virão” (no encerramento), de Rita Lee e Roberto de Carvalho.

No total, foram anunciados 32 prêmios, escolhidos por um amplo júri formado por profissionais associados à Academia Brasileira de Cinema e Artes Visuais, que também organiza o evento. O grande destaque da noite foi o filme “Marighella”, que das 17 indicações, levou oito troféus Grande Otelo: Melhor Longa-Metragem Ficção, Melhor Primeira Direção de Longa-Metragem, Melhor Ator, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Fotografia, Melhor Som, Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino.

O diretor do filme, Wagner Moura, estava bastante emocionado e dedicou as conquistas da noite aos membros da equipe da produção, além de defender a democracia e desejar dias melhores ao Brasil. “Marighella” percorreu uma enorme trajetória de dificuldades até seu lançamento, e tal consagração pela Academia, fecha este ciclo da melhor maneira possível.

Os premiados com o Troféu Grande Otelo nas categorias de atuação foram Zezé Motta, como Melhor Atriz Coadjuvante, por “Doutor Gama”; Rodrigo Santoro, como Melhor Ator Coadjuvante, por “7 Prisioneiros”; Seu Jorge, como Melhor Ator, por “Marighella”; infelizmente os três não puderam ir à premiação. A atriz Dira Paes venceu o prêmio de Melhor Atriz por seu trabalho em “Veneza”. Muito feliz com o resultado, a artista ressaltou seu amor pelo cinema e por suas origens.

A atriz e diretora Bárbara Paz, foi reconhecida com o prêmio de Melhor Curta-Metragem de Ficção, com o filme “Ato”, curta que produziu durante a pandemia de Covid-19. A cineasta aproveitou para agradecer os prêmios que venceu na edição passada, pelo premiado documentário “Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou”.

A atriz Dira Paes venceu o prêmio de Melhor Atriz por seu trabalho em “Veneza”. Foto: Divulgação / Roberto Filho

A atriz e diretora Bárbara Paz, foi reconhecida com o prêmio de Melhor Curta-Metragem de Ficção, com o filme “Ato”. Foto: Divulgação / Roberto Filho

Outro destaque da cerimônia foi o importante documentário “A Última Floresta”, de Luiz Bolognesi, que venceu o prêmio de Melhor Longa-Metragem Documentário. Em seu discurso de agradecimento, Bolognesi ressaltou a importância do trabalho ao lado do Xamã Davi Kopenawa Yanomami, que além de participar do filme, também escreveu o roteiro com o diretor. Quando apresentado, Kopenawa foi ovacionado e aplaudido de pé. “A Última Floresta” também conquistou o prêmio de Melhor Montagem Documentário, pelo trabalho de Ricardo Farias.

“A Amazônia está tomada por criminosos, grileiros, madeireiros ilegais e garimpeiros (…) a gente precisa lutar para o futuro e salvar essa floresta (…) nós não podemos deixar o Davi e os indígenas lutando sozinhos pelo nosso futuro”, discursou Bolognesi.

“A Última Floresta”, de Luiz Bolognesi, venceu o prêmio de Melhor Longa-Metragem Documentário. Foto: Divulgação / Rogerio Resende

A edição deste ano também homenageou as mulheres produtoras de cinema, enaltecendo estas profissionais que ao longo da história foram e continuam sendo protagonistas na realização de tantos filmes nacionais. Outra homenagem da noite ficou para o filme “O Pagador de Promessas”, dirigido por Anselmo Duarte (1920-2009), que completou 60 anos, além de ser o único longa-metragem brasileiro a conquistar a Palma de Ouro do Festival de Cannes (1962).

Confira a lista completa de vencedores do 21º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro:

Melhor Longa-Metragem Ficção: “Marighella”, de Wagner Moura

Melhor Filme – Júri Popular: “O Auto da Boa Mentira”, de José Eduardo Belmonte

Melhor Direção: Daniel Filho, por “O Silêncio da Chuva”

Melhor Primeira Direção de Longa-Metragem: Wagner Moura por “Marighella”

Melhor Ator: Seu Jorge, em “Marighella”

Melhor Ator Coadjuvante: Rodrigo Santoro, em “7 Prisioneiros”

Melhor Atriz: Dira Paes, em “Veneza”

Melhor Atriz Coadjuvante: Zezé Motta, em “Doutor Gama”

Melhor Filme Internacional: “Nomadland”, de Chloe Zhao (EUA)

Melhor Filme Ibero-Americano: “Ema”, de Pablo Larraín (Chile)

Melhor Longa-Metragem Documentário: “A Última Floresta”, de Luiz Bolognesi

Melhor Longa-Metragem Comédia: “Depois a Louca Sou Eu”, de Julia Rezende

Menção Honrosa – Longa-Metragem Animação: “Bob Cuspe – Nós Não Gostamos da Gente”, de Cesar Cabral

Melhor Longa-Metragem Infantil: “Turma da Mônica – Lições”, de Daniel Rezende

Melhor Curta-Metragem Documentário: “Yaõkwa, Imagem e Memória, de Rita Carelli e Vincent Carelli

Melhor Curta-Metragem de Animação: “Mitos Indígenas em Travessia, de Julia Velluntini e Wesley Rodrigues

Melhor Curta-Metragem de Ficção: “Ato”, de Bárbara Paz

Melhor Montagem Ficção: Karen Harley, EDT, por “Piedade”

Melhor Montagem Documentário: Ricardo Farias, por “A Última Floresta”

Melhor Roteiro Original: Henrique dos Santos e Aly Muritiba, por “Deserto Particular”

Melhor Roteiro Adaptado: Felipe Braga e Wagner Moura, pela adaptação de “Marighella: O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo”, de Mario Magalhães

Melhor Direção de Fotografia: Adrian Teijido, ABC, por “Marighella”

Melhor Efeito Visual: Pedro de Lima Marques, por “Contos do Amanhã”

Melhor Som: George Saldanha, ABC, Alessandro Laroca, Eduardo Virmond Lima e Renan Deodato, por “Marighella”

Melhor Direção de Arte: Frederico Pinto, ABC, por “Marighella”

Melhor Maquiagem: Martín Macías Trujillo, por “Veneza”

Melhor Figurino: Verônica Julian, por “Marighella”

Melhor Série Brasileira Documentário, de produção independente (TV paga): “Transamazônica – Uma Estrada Para o Passado” – 1ª temporada, HBO, por Jorge Bodanzky

Melhor Série Brasileira Animação, de produção independente (TV paga): “Angeli The Killer” – 2ª temporada, Canal Brasil, por Cesar Cabral

Melhor Série Brasileira Ficção, de produção independente (TV aberta): “Sob Pressão” – 4ª temporada, Globo, por Andrucha Waddington

Melhor Série Brasileira Ficção, de produção independente (TV paga): “Dom” – 1ª temporada, Amazon Prime Video, por Breno Silveira

Melhor Trilha Sonora: André Abujamra e Márcio Nigro, por “Bob Cuspe – Nós Não Gostamos da Gente”, de Cesar Cabral