Passados 55 anos do assassinato de um dos maiores líderes do movimento negro, a mensagem de Martin Luther King segue inspirando gerações

Foto: Stephen F. Somerstein/Getty Images

Por Marilda Campbell

O dia 4 de abril ficou marcado na história pelo assassinato de Martin Luther King Jr. na sacada do quarto 306 do Lorraine Motel, na cidade de Memphis. Já se passaram 55 anos, mas sua luta contra a discriminação racial e pela igualdade de direitos civis continuam vivos.

O pastor batista e ativista político tinha como estratégia o uso da desobediência civil contra a execução de normas consideradas ofensivas e injustas, como a legislação racista e segregacionista estadunidense. Luther King defendia a não-violência, sempre mobilizando a população por meio de marchas e manifestações pacíficas.

Essa estratégia tinha como inspiração a luta de Mahatma Gandhi pela independência da Índia, no início do século 20; e se diferenciava, por exemplo, da estratégia utilizada por Malcolm X e pelo grupo Pantera Negra, que defendiam o uso da violência na luta contra a discriminação racial.

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Martin Luther King Jr. ganhou projeção nacional quando participou do Boicote aos Ônibus de Montgomery que durou 381 dias (de 1º de dezembro de 1955 a 20 de dezembro de 1956). O boicote teve origem na ação não-violenta de Rosa Parks, que se recusou a ceder seu lugar a um branco no transporte público – o que era obrigatório pela lei do Estado do Alabama.

A decisão da Suprema Corte pela inconstitucionalidade da lei e a edição de uma nova que permitia que brancos e negros se sentassem em qualquer lugar no transporte público foram um marco no movimento negro.

Outra manifestação histórica aconteceu em 28 de agosto de 1963, quando Luther King participou da Marcha sobre Washington por Trabalho e Liberdade que reuniu, de forma pacífica, mais de 250 mil pessoas, no Memorial Lincoln, em defesa dos direitos civis da população negra que seria votado no Congresso. Essa manifestação ficou marcada pelo discurso “I have a dream”.

“Eu tenho um sonho de que um dia, esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seus princípios: achamos que estas verdades são evidentes por elas mesmas, que todos os homens são criados iguais. Eu tenho um sonho de que, um dia, nas rubras colinas da Geórgia, os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos senhores de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade.”

Confira cinco filmes que retratam a luta do povo negro estadunidense contra a segregação racial e o legado de Martin Luther King Jr:

“O Sol Tornará a Brilhar” (1961)

O drama dirigido por Daniel Petrie e estrelado por Sidney Poitier é uma adaptação da peça homônima escrita por Lorraine Vivian Hansberry – a primeira autora afro-americana a ter uma peça encenada na Broadway.

Em O Sol Tornará a Brilhar a família Youngers, moradora de Chicago, precisa decidir o que fazer com o seguro de vida após a morte do patriarca. O filme mostra o retrato de um grupo de pessoas que luta por seu lugar ao sol, enfrentando a pobreza e o preconceito.

Assista ao filme completo:

“Selma – Uma Luta Pela Igualdade” (2014)

O longa é dirigido por Ava DuVerney e é inspirado nas marchas realizadas em março de 1965 entre as cidades de Selma e Montgomery, no Alabama. Na época, a população negra representava mais da metade dos moradores da região. Entretanto, menos de 1% possuía o direito de votar.

Luther King e a Ação Direta da Liderança Cristã Sulista (SCLC em inglês) marcharam por 16 Km com 300 manifestantes autorizados pela justiça, o grupo foi acompanhado pelo Exército, Guarda Nacional e FBI. Hoje, um trecho deste trajeto é um marco histórico, sendo conhecido como a Trilha de Selma a Montgomery do Direito ao Voto.

Contudo, a primeira tentativa de fazer a marcha foi reprimida de forma violenta pela polícia e acabou imortalizada como o Domingo Sangrento. Quando 600 manifestantes liderados por James Bevel e Amelia Boynton foram atacados pela cavalaria com cassetetes e gás lacrimogêneo. Muitos saíram feridos e 17 manifestantes foram internados em estado grave.

Assista ao trailer do filme:

Disponível para streaming no Prime Video.

“A 13ª Emenda” (2016)

O documentário escrito e dirigido por Ava DuVerney analisa a correlação entre a abolição da escravatura nos Estados Unidos e a criminalização da população negra nos dias de hoje. Ativistas, estudiosos e políticos como Angela Davis, Michelle Alexander e Jelani Cobb participam do filme.

A Emenda 13 da Constituição norte-americana aboliu a escravidão em 1865. Entretanto, DuVerney defende que a escravização foi substituída, ao longo dos anos, por outras formas de violência e segregação, inclusive pelo encarceramento em massa da população negra.

Assista ao filme completo:

“Eu Não Sou Seu Negro” (2017)

O documentário dirigido por Raoul Peck e narrado por Samuel L. Jackson é inspirado no livro “Remember This House” de James Baldwin. Um autor negro que morreu em 1987 e deixou inacabado o manuscrito do livro no qual relata a vida e a morte dos ativistas Medgar Evers, Malcom X e Martin Luther King Jr.

O diretor haitiano combina o material histórico da luta da população negra contra o racismo e a segregação com questões raciais contemporâneas.

Assista ao trailer do filme:

Disponível para streaming no Globoplay e Prime Video.

“Infiltrado na Klan” (2018)

O longa, dirigido por Spike Lee e produzido por Jordan Peele, é inspirado na história real do policial negro Ron Stallworth, vivido por John David Washington, que conseguiu se infiltrar em uma célula da Ku Klux Klan no Colorado, em 1978.

Ron se comunicava com os membros da Klan por meio de cartas e telefonemas. Quando era preciso uma interação presencial, ele contava com o apoio de Flip (Adam Driver), um policial branco treinado para substituí-lo.

Após meses de investigação, Ron consegue se aproximar do líder da Klan e sabotar uma série de crimes de ódio promovidos pelo grupo supremacista branco. A Ku Klux Klan é uma organização terrorista criada no fim da Guerra Civil Americana, no século 19, que tem atuação nos Estados Unidos até hoje.

Assista ao trailer do filme:

Disponível para alugar no YouTube, Google Play Filmes, Prime Video e Apple TV.