Gustavo Petro lidera corrida presidencial com 38,8% das intenções de voto

Foto: LUISA GONZALEZ (REUTERS)

Faltam apenas 10 dias para o primeiro turno das eleições presidenciais da Colômbia e o cenário eleitoral segue estável com Gustavo Petro, candidato da coalizão de esquerda Pacto Histórico, encabeçando as pesquisas. Com quase 40% das intenções de voto, Petro tem como principal adversário o candidato de direita “Fico” Gutierrez, que apresentou 24,6% das intenções voto na última pesquisa divulgada.

Desde o início das campanhas presidenciais, Gustavo Petro lidera as pesquisas. O candidato de esquerda tem como vice Francia Marquez, ativista ambiental com longa jornada de luta pelos direitos humanos. A chapa Pacto Histórico parece ter ganhado força para que a esquerda assuma o poder pela primeira vez na Colômbia. Caso o resultado se confirme, estaremos testemunhando uma grande virada histórica do país sul americano que poderá impactar no restante do continente.

Histórico de violência

A Colômbia é uma das maiores economias da América do Sul, ficando atrás do apenas Brasil e Argentina. Um país marcado por quase quase 60 anos de conflito armado entre o narcotráfico, grupos paramilitares, guerrilhas e o exército. O reflexo de tanta violência e disputa de poder podem ser sentidos até hoje, inclusive nas eleições.

Nos primeiros dias de maio, a campanha de Petro denunciou que sua equipe de segurança recebeu informações sobre um suposto plano de atentado contra a vida do candidato. Desde então, Petro reforçou sua segurança e tem cancelado uma série de agendas políticas programadas.

Foto: Cortesía

Petro discursa em Cúcuta após denúncia de atentado com esquema de segurança reforçado

Segundo relatório da ONU divulgado em 2020, a Colômbia é o país que mais mata ativistas na América Latina e um dos maiores do mundo.

Segundo o relator do informe, Michel Forst, “as observações que fizemos no país identificaram três tendências principais, e uma delas foi o alto número de assassinatos de líderes sociais, com mais de 1.000 casos entre 2016 e 2019”.

“Além dos assassinatos, existe também um grande número de casos de intimidação, que envolvem familiares dos ativistas. “Existe também um elemento de gênero, pois as mulheres ativistas, ou suas familiares são alvo constante de agressões, assassinatos ou também de estupros”.

“Os ativistas trabalham tentando defender suas comunidades, mas ao fazê-lo acabam se opondo aos interesses do crime organizado, dos grupos paramilitares, das economias ilegais, dos esquemas de corrupção e posse ilegal de terras, e por isso são atacados”, explicou Michel Forst.

Apesar do acordo de paz assinado em setembro de 2016, o cenário não mudou, somente nos primeiros três meses deste ano foram registrados cerca de 20 massacres com 43 mortos.

Contexto das eleições

No ano passado, a Colômbia passou pela maior greve geral de toda sua história onde movimentos sociais, estudantes, sindicatos e organizações populares tomara as ruas do país exigindo o fim da repressão do estado e mais direitos sociais.

Manifestantes marcham contra o governo de Ivan Duque em nova greve nacional de 2021 em Bogotá Foto: RAUL ARBOLEDA / AFP

E foi nesse contexto que em março deste ano, a Colômbia elegeu seu novo parlamento, em que o campo progressista conquistou uma vitória inédita que pode se repetir também nas eleições presidenciais do dia 29 de maio.

Se eleito, Petro será o primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia.

Com informações de Brasil de Fato, El País e Nodal