Por: Patrick Simão / Além da Arena

A campanha da Colômbia na Copa do Mundo foi histórica, mas não foi por acaso e, provavelmente, não será somente um ponto fora da curva. Nos últimos anos, a Colômbia vem obtendo resultados cada vez melhores na base, no profissional e também com seus clubes.

O país é o atual vice-campeã do Mundial sub-17, quadrifinalista do sub-20, finalista da Copa América e com 1 título, 2 vices e 3 semis na Libertadores desde 2018. Estes resultados colocam a Colômbia como uma das grandes referências não apenas na América Latina, mas também em todas as Américas. Em 2023 a Colômbia foi a melhor Seleção em todo o continente, a frente de Estados Unidos, Canadá e Brasil.

É evidente que muita coisa precisa melhorar, especialmente no investimento interno no campeonato local, que tem lacunas em seu calendário, salários e estrutura. Mas essa campanha, que gerou grande mobilização para a Colômbia, além da visibilidade mundial, pode gerar uma mudança nos investimentos e consolidação do futebol feminino colombiano.

Os legados dessa campanha podem ser muito grandes, tanto dentro quanto fora da esfera esportiva. Fora de campo, há o crescimento do orgulho nacional, com uma identidade própria de jogo a se desenvolver ainda mais, além de ajudar muito na consolidação do futebol feminino na América do Sul. Esta campanha, com maiores perspectivas a longo prazo, podem gerar uma melhor estrutura interna e de base, além de possibilitarem uma maior motivação, apoio e estrutura para futuras jogadoras nas próximas décadas.

Tudo isso passa por uma perspectiva existente de resultados a longo prazo e, para isso, os investimentos precisam ser feitos. Em um paralelo, podemos ver um fenômeno semelhante e de maior crescimento como houve no Brasil pós-auge da geração Marta-Cristiane-Formiga.

 

Foto: FIFA

 

E por que essas possibilidades colombianas são concretas? Neste momento, há uma transição, com Catalina Usme fazendo parte dessa evolução nos últimos 8 anos. Agora, há uma Seleção mais jovem, centralizada em uma personagem central, que, claro, é Linda Caicedo.

A atacante já se tornou símbolo dessa equipe e com apenas 18 anos já carrega consigo grandes feitos, com potencial de ser um dos grandes nomes na próxima década, com ótimo drible, velocidade e capacidade de chute, que deverão evoluir ainda mais. Além dela, Mayra Ramírez, tem 24 anos e deverá chegar mais experiente no próximo ciclo, Leicy Santos tem 27 e também deve seguir na equipe.

As perspectivas colombianas requerem investimento, mas são boas: tanto para resultados, quanto para o legado e desenvolvimento do futebol feminino sul-americano. Elas agora são referência local. É evidente que a eliminação gerou a tristeza do “poderíamos mais”, mas também é um combustível para que esse trabalho continue e para que estes momentos sigam acontecendo. Si, si puede!