Por Patrick Simão / Além da Arena

Colômbia e Jamaica vivem os seus melhores momentos na Copa do Mundo de futebol feminino, com grande evolução e resultados crescentes nos últimos 4 anos. Agora, as equipes se encontram nas oitavas de final e, quem avançar, será a melhor Seleção do continente americano nesta Copa, a frente de Brasil, Estados Unidos e Canadá.

Tanto Colômbia quanto Jamaica constroem e conquistam um novo orgulho nacional com suas Seleções. Ambas foram responsáveis por eliminar equipes melhor projetadas no torneio: a Jamaica empatou com França e Brasil, eliminando as canarinhas, enquanto a Colômbia venceu a bicampeã Alemanha, que caiu na primeira fase.

A Colômbia tem Linda Caicedo como protagonista e grande esperança do futebol mundial. O prodígio de 18 anos fez dois golaços nas primeiras rodadas e já é a grande referência da equipe, com muita velocidade, capacidade de drible e finalização. Já aos 18 anos, ela constrói uma identidade de jogo e personalidade próprias, tornando-se um importante símbolo e podendo se tornar a referência para a construção de um legado no futebol feminino colombiano, algo primordial para o surgimento de novas gerações durante as próximas duas décadas.

Caicedo foi artilheira do campeonato colombiano profissional logo aos 14 anos, pelo América de Cali. Ela levou seu país aos vice-campeonatos do Mundial sub-17 e da Copa América, além de ser a Rainha da América e levar o Deportivo Cali ao vice da Libertadores em 2021. Agora, aos 18 anos, está no Real Madrid.

Além dela, Catalina Usme é destaque, juntamente com um sistema defensivo sólido e organizado taticamente. O grande momento colombiano também converge com o bom momento dos clubes na Libertadores, sendo os únicos que conseguiram eliminar os principais brasileiros nos últimos anos.

 

Linda Caicedo durante a Copa do Mundo (Foto: FIFA)

 

A Jamaica, por sua vez, aposta em um sistema defensivo organizado e ainda não sofreu gols na Copa, diante de equipes com bons ataques, como França e Brasil. A goleira Rebecca Spencer foi um dos grandes destaques da primeira fase, além de um trabalho tático muito bem feito.

A evolução da Jamaica é rápida e visível. Há 4 anos, estrearam em Copas sofrendo 3 goleadas, sendo uma delas por 3 a 0 contra o Brasil. Neste período, a Jamaica ficou em 3º na Copa Concacaf, em 2022, repetindo o desempenho de 2018. A equipe melhorou seu rendimento e organização durante a Copa do Mundo.

 

Foto: FIFA

 

Apesar das evoluções, é preciso destacar as dificuldades de investimentos enfrentadas pelas duas Seleções. Durante a Copa América, em 2022, na Colômbia, as jogadoras protestaram contra a diminuição da liga nacional para apenas um semestre, causando grande inatividade para muitas jogadoras e clubes. A Jamaica, por sua vez, precisou fazer uma vaquinha para poder custear as despesas da Copa do Mundo.

O grande desempenho das duas Seleções, ambas pela primeira vez na 2ª fase, pode acelerar esse processo de investimento. Para além do impacto no futebol local, há uma valorização de suas culturas, raízes e identidade próprias e das mulheres latino-americanas, que assumem o protagonismo mundialmente.

A Jamaica recebe apoio da filha de Cedella Marley, filha de Bob Marley, e resgata mundialmente o principal expoente da cultura jamaicana. Independente de quem avançar, Colômbia e Jamaica construíram uma história e irão fortalecer o futebol feminino na América Latina.

Cedella Marley deu grande suporte financeiro para a Seleção Jamaicana (Foto: Reprodução/Instagram)