Em resposta à necessidade de um ambiente digital mais ético, justo e voltado para as pessoas, uma coalizão inédita de coletivos e organizações se reuniu no início deste mês em São Paulo para criar a Frente pela Soberania Digital. Representantes dos setores de cultura digital, software livre, comunicação, meio ambiente, inclusão digital e midiativismo uniram forças em busca de uma transformação digital que respeite a vida, a natureza e o planeta.

O encontro, que ocorreu na sede do Coletivo Digital no dia 1º de julho, originalmente planejado para discutir os detalhes da 14ª Oficina de Inclusão Digital, tomou um rumo mais amplo, abordando o estado atual, os desafios e as oportunidades da digitalização no Brasil. Muitos dos coletivos presentes foram convidados pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e participaram, no dia anterior, de uma Oficina sobre Regulação de Plataformas Digitais organizada por Beá Tibiriçá, reconhecida com o Prêmio Destaques no Fórum da Internet Brasileira.

“Garantir o acesso à informação como um direito humano, com a participação direta das mulheres, das pessoas negras e da população LGBTQIA+, e priorizar esses grupos, assim como os povos tradicionais e originários, é um desafio fundamental em qualquer iniciativa que busque avançar em direção à soberania digital”, destacou Silvana Lemos, coordenadora de projetos da Pulso Conteúdo.

Vincenzo Tozzi, colaborador da Casa de Cultura Tainã e da Rede Mocambos, compartilhou um relato que resumiu a mudança de perspectiva no debate:

“Colocamos novamente a visão de baixo para cima. A partir dos nossos territórios, com a proposta de retomar a internet da forma como nasceu, como uma rede de redes. Com a ideia de cuidar dos nossos territórios digitais, que são compostos não apenas por infraestrutura, mas principalmente por pessoas”.

A primeira apresentação oficial da proposta da Frente pela Soberania Digital está marcada para uma reunião online, convocada para esta quinta-feira, 6 de julho, das 19h às 21h. O evento será uma oportunidade não apenas de apresentar a proposta da Frente, mas também de introduzir um conjunto de tecnologias soberanas que viabilizarão um processo de governança colaborativa em rede. Jader Gama, do movimento Plataformas.org e da rede de pesquisas CosmoTécnicas Amazônicas, enfatizou a importância dessas tecnologias para a iniciativa.