Realizado pela Mídia NINJA com a Casa NINJA Amazônia, encontro reunirá realizadores de todo o Brasil entre 24 e 27/11

Foto: Oliver Kornblihtt / Mídia NINJA / #COPCollab26

Foto: Oliver Kornblihtt / Mídia NINJA / #COPCollab26

Por Fernanda Damasceno

Inundações, ondas de calor, seca na Amazônia: em meio a uma crise climática como nunca antes vista, que tal fortalecer de experiências de potências, resiliência e adaptação em todo o Brasil?

Pensando nisso, te convidamos a debater, escutar e propor inovações no CLÍMAX: Encontro de Cultura, Comunicação e Clima, que será realizado em Brasília, entre os dias 24 a 27 de novembro. 

Esse será o primeiro encontro formal da  AACCC (Articulação de Cultura, Comunicação e Clima) uma iniciativa da sociedade civil organizada da Amazônia tem o objetivo de incidir nos debates públicos e na formulação das políticas para o enfrentamento da mudança do clima, a governança socioambiental, a gestão territorial e o fortalecimento dos Povos da Floresta e da cidadania em seus territórios.

Mas o que a comunicação e a cultura tem a ver com isso?

Foto: Mídia NINJA

Foto: Mídia NINJA

A crise climática é uma consequência do sistema desigual em que nos encontramos. Enquanto poucos poluem muito, e concentram a maior parte dos lucros, a maioria da população trabalha demasiado e pouco tem acesso à formas de mitigar a crise do clima. 

De acordo com o relatório do Interconnected Disaster Risks, estima-se que, entre 2021 e 2022, os desastres ambientais causaram a morte de 10 mil pessoas e custaram mais de 280 bilhões de dólares.

Desenvolvido pela Oxfam um relatório chamado Extreme Carbon Inequality, fala que a metade mais pobre da população global (cerca de 3,5 bilhões de pessoas) é responsável por cerca de apenas 10% do total das emissões globais atribuídas ao consumo individual, mas vive predominantemente nos países mais vulneráveis às mudanças climáticas

É o que vemos acontecer na Amazônia, onde ribeirinhos, populações que moram em áreas rurais e comunidades indígenas se encontram isoladas ou com dificuldades de acesso devido à estiagem extrema que a Amazônia vem enfrentando nos últimos meses.

Enquanto os povos indígenas ajudam a ampliar a diversidade da fauna e da flora local porque têm formas únicas de viver e ocupar um lugar, dados como os do Relatório Anual do Desmatamento, feito pelo Mapbiomas, o agronegócio é o principal responsável pelo desmatamento ilegal no Brasil.

Além disso, um cruzamento de dados realizado pela Repórter Brasil a partir de informações publicadas pelo Ministério da Saúde no Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano) mostra que pelo menos 28 cidades do Brasil em 2022  continham agrotóxicos acima do permitido na água tratada que sai da torneira.

Foto: Reprodução/ Campanha Contra os Agrotóxicos

Mesmo assim, vemos propaganda com o slogan “O Agro é pop” com muita frequência, enquanto povos indígenas lutam contra o Marco Temporal no congresso, proposta inconstitucional que pode trazer mais mortes para os povos indígenas, além de extinguir a demarcação de terras.

Pensando nisso, é fundamental discutir como mudar essa cultura de pensamento da sociedade, e a forma como nos relacionamos com a natureza. Ouvir os povos tradicionais, que historicamente sempre viveram em harmonia com a floresta pois se veem como parte dela e por isso acreditam que preservar o meio ambiente é preservar suas próprias vidas.

É fundamental também discutir como essas narrativas de comunicação podem ser revertidas, para que as minorias sociais que sempre tiveram suas vozes silenciadas ou pouco ouvidas, possam ter espaço para falar sobre suas vivências e contar eles mesmos suas histórias. 

A Emergência Climática exige um papel ativo da cidadania, sua organização nos territórios, o fortalecimento dos coletivos e redes, o engajamento das comunidades, a adoção de práticas sustentáveis, novas cadeias produtivas e mercados, novos modos de vida e consumo.

O Encontro 

Mulheres falaram sobre o contexto em que vivem, em encontro na COP (Mídia Ninja)

Reunindo, ativistas, ambientalistas, indígenas, quilombolas, representantes de populações tradicionais, artistas e outras pessoas interessadas nas pautas da agenda climática, o Clímax é uma realização da Mídia NINJA, Nave Brasília e Casa Ninja Amazônia, com apoio do Programa Vozes pela Ação Climática Justa (VAC) e do WWF-Brasil.

Durante quatro dias iremos convidar os indivíduos e as coletividades a reconhecerem o seu impacto no meio ambiente, para que se envolvam na busca e na visibilidade das soluções, já que os processos econômicos, políticos e sociais são práticas culturais.

Acreditamos que a agenda climática é necessariamente uma agenda cultural, e que a ancestralidade e contemporaneidade andam juntas e conectadas.