Cinegrafista diz que a equipe de Tarcísio pediu sua demissão e que a emissora sugeriu que ele gravasse um vídeo para o candidato

Momento em que os cinegrafistas se escondem em varanda após os tiros. Foto:
Reprodução/CNN Brasil
O cinegrafista da Jovem Pan que se envolveu em uma polêmica após um integrante da campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) mandar que ele apagasse imagens de um tiroteio em Paraisópolis, declarou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo que sofreu pressão da chapa de Tarcísio após o episódio.
O caso aconteceu no dia 17, momentos depois de tiros interromperem uma agenda do candidato a governador. Após o caso ser revelado pela Folha de S.Paulo, o repórter-cinematográfico Marcos Andrade, 49, diz que a equipe de Tarcísio pediu sua demissão e que a emissora sugeriu que ele gravasse um vídeo para o candidato.
Profissional a serviço da Jovem Pan, com experiência em coberturas difíceis e em áreas de conflito, Andrade foi o único a flagrar os momentos mais tensos do episódio, o que inclui pessoas à paisana atirando após rajadas supostamente disparadas por criminosos.
Relata que, ao chegar à base de campanha do candidato, foi abordado com a ordem para apagar imagens que flagrariam membros da equipe. Desconfiado, gravou a conversa e o áudio obtido pela Folha foi divulgado na terça-feira (25).
Áudio aponta que um integrante da campanha de Tarcísio de Freitas mandou um cinegrafista da Jovem Pan apagar imagens do tiroteio que interrompeu agenda do candidato em Paraisópolis. O caso foi utilizado politicamente por Bolsonaro no horário eleitoral.pic.twitter.com/HgbBTrZ7rb
— Mídia NINJA (@MidiaNINJA) October 25, 2022
A Polícia Civil de São Paulo já pediu a íntegra dos vídeos do tiroteio feitos pelo cinegrafista da TV Jovem Pan. O grupo Prerrogativas, formado por juristas e advogados que apoiam a campanha Fernando Haddad (PT), apresentou nesta quarta (26) uma notícia-crime ao Ministério Público de São Paulo pedindo apuração.
As circunstâncias da troca de tiros e os autores dos disparos não foram esclarecidas até o momento. Logo após o ocorrido, as campanhas de Tarcísio e Bolsonaro tentaram vender a narrativa de que os tiros haviam sido um atentado contra o candidato a governador. Depois, voltaram atrás.
Mandante é agente licenciado da Abin

À esquerda, o agente licenciado da Abin Fabrício Cardoso de Paiva, assessor da campanha a governador de Tarcísio, à direita. Foto: Reprodução/
Instagram
Nesta quarta-feira (26), o jonal The Intercept Brasil revelou que o mandante da campanha de Tarcísio que aparece no áudio intimidando o cinegrafista da Jovem Pan para apagar as imagens é um agente licenciado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Fabrício Cardoso de Paiva, que atualmente é assessor da campanha do candidato do Republicanos.
A identificação foi confirmada ao Intercept por uma fonte que trabalha no governo, que também revela que o agente licenciado da Abin já ocupou cargo de nomeação política, a convite de Tarcísio, no Ministério da Infraestrutura desde o início do governo Bolsonaro.
Mataram um jovem para forjar um atentado com a intenção de favorecer o candidato "técnico". Envolvimento federal e conluio com um grande meio de comunicação. Fraude eleitoral homicida na cara de todo mundo.
— Bruno Torturra (@torturra) October 26, 2022
Em resposta ao The Intercept, a Abin “esclarece que apenas um servidor da agência, que no momento está de licença não remunerada para tratar de interesses particulares, acompanha o candidato Tarcísio de Freitas na campanha eleitoral”. Trata-se, justamente, de Paiva, informa a reportagem.
Com informações da Folha de S. Paulo e The Intercept Brasil
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