Esta foi a primeira vez que os dois líderes nas pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto, Lula e Bolsonaro, se encontram desde que o atual chefe do Executivo foi eleito

Lula é ‘assediado’ em cerimônia de Moraes no TSE. Foto: Mateus Vargas

A cerimônia de posse do ministro Alexandre de Moraes na presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), na noite desta terça-feira (17), reuniu as principais autoridades dos três Poderes do país e colocou no mesmo ambiente os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro, pela primeira vez, desde as últimas eleições. Eles ficaram frente a frente durante a solenidade.

O evento marcado por um discurso em defesa da democracia e do sistema eleitoral brasileiro pelo novo ministro do TSE, também foi marcado pelo encontro dos ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Dilma Rousseff (PT), rompidos desde o processo de impeachment da petista em 2016. Esse é o primeiro encontro público pós-golpe entre Dilma e Temer, onde ambos não se cumprimentaram.

Moraes, que é o responsável por julgar o processo sobre crime de ódio contra Bolsonaro, destacou em seu discurso que a Constituição não permite, inclusive durante a propaganda eleitoral, discurso de tal repulsão. E completou: “tampouco a retaliação de manifestação visando o rompimento do Estado democrático de direito com a consequente instalação do arbítrio”. O momento proporcionou uma situação constrangedora para o presidente que se manteve inerte, enquanto o magistrado foi ovacionado pela plateia, composta de ex-presidentes, governadores, representantes de toda a esfera jurídica e também do Legislativo.


A inércia do presidente também foi acompanhada pela família Bolsonaro. A primeira-dama Michelle Bolsonaro e o filho Carlos Bolsonaro também não aplaudiram o discurso do ministro que exaltou a agilidade e a transparência das urnas eletrônicas e prometeu atuação do TSE no combate às fake news. O “Zero Dois” do presidente foi fotografado sentado na plateia, de braços cruzados, enquanto todos os espectadores ao redor se levantavam para aplaudir o novo presidente da Corte. O filho do presidente ficou sentado praticamente ao lado de Geraldo Alckmin, vice na chapa de Lula.


Na saída, a família Bolsonaro deixou o TSE visivelmente irritados, enquanto o ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma foram cumprimentar Moraes e demais autoridades enquanto jornalistas se aproximaram para pedir uma declaração.

Na cerimônia, o ministro Ricardo Lewandowski também foi empossado como vice-presidente da Corte eleitoral. Ele e Moraes conduzirão a eleição de 2022, que vem sendo marcada por grande polarização.