Caetano Veloso chorou pela morte do congolês Moïse Mujenyi Kabagambe, na Barra da Tijuca, no dia 24 de janeiro. “Que o nome do Quiosque seja Tropicália aprofunda, para mim, a dor de constatar que um refugiado da violência encontra violência no Brasil”, afirmou em uma publicação no Twitter na tarde desta terça-feira (1). Ele faz referência ao nome do estabelecimento onde Moïse foi espancado até a morte. A família afirma que o congolês havia ido cobrar as diárias não pagas.

“Para mim e certamente para Gilberto Gil, Capinam, Rita Lee, Tom Zé, Sérgio Dias, Gal Costa, Arnaldo Baptista, Julio Medaglia, Manuel Barenbein… E fere a memória de Rogério Duprat, Torquato Neto, Nara Leão, Guilherme Araújo… Sobretudo a de Hélio Oiticica, que criou o termo”, afirmou Caetano. “Tenho certeza de que a família Oiticica está comigo nessa amarga revolta. O Brasil não pode ser o que há de mesquinho e desumano em sua formação”. 

A Tropicália foi um movimento cultural que agitou o Brasil na segunda metade da década de 1960, envolvendo artistas da música, do teatro e da literatura. Uma de suas marcas foi uma inovação estética radical unindo a vanguarda e o popular, a tradição brasileira com tendências estrangeiras e um conteúdo extravagante que constratava com a situação política de um país que vivia a ditadura militar. Violência, portanto, jamais seria uma palavra de ordem tropicalista.

Um ato em frente ao quiosque Tropicália, que está no posto 8 da praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, está marcado para o próximo sábado (5), a partir das 10h. Conforme informações da Coalizão Negra por Direitos, atos já estão sendo programados em outras cidades brasileiras.