Em seu discurso de abertura da Assembleia da ONU, Bolsonaro fez campanha política de seu governo, disseminou inverdades e atacou o ex-presidente Lula, sem citar nominalmente o petista

Projeção em prédio da ONU em Nova York chama Bolsonaro de ‘vergonha brasileira’. Foto: Manuela Lourenço/Divulgação

Por Mauro Utida

Como era esperado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) usou hoje seu discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) para fazer campanha política de seu governo, disseminar inverdades e atacar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário nas eleições de outubro e à frente das pesquisas eleitorais.

Sem citar nominalmente o petista, Bolsonaro lembrou os casos de corrupção envolvendo a Petrobras e disse que o responsável por isso foi condenado em três instâncias. Bolsonaro, no entanto, omitiu que as condenações do petistas foram anuladas pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Lula não tem nenhuma condenação com trânsito em julgado, isto é, quando não é possível mais entrar com recurso.

Em cerca de 20 minutos de discurso, Bolsonaro iniciou com declarações contraditórias sobre “os esforços para salvar vidas e empresas” na pandemia do coronavírus e tentou se promover com a “produção doméstica de vacinas”, produzida pelo pelo Instituto Butantã e não pelo Governo Federal.

Quando falou sobre crescimento sustentável, destacou o “investimento em ciência e tecnologia”, mas emitiu o fato de ter assinado medidas provisórias que limitou gastos do fundo de ciência e tecnologia para atender o orçamento secreto, esquema de transferência de verbas a parlamentares sem transparência.

Ao citar a Amazônia, Bolsonaro questionou a mídia nacional e internacional que faz a cobertura do maior desmatamento da Amazônia nos últimos 15 anos.

Bolsonaro chegou a usar a tribuna da ONU para falar sobre o preço da gasolina no Brasil, assunto que ele usa para alimentar discussões com a sua base de seguidores.

No final, diz ser um defensor da mulher, mas o seu governo cortou 90% no orçamento do combate a violência da mulher.

Esta não foi a primeira vez que Bolsonaro usou a tribuna da ONU para reforçar posições do governo, rebater críticas e atacar instituições relacionadas à esquerda. Esta foi a quarta vez de Bolsonaro discursando na ONU e pode ser a última.

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