Após Brasil registrar recorde de mortes por inundações neste ano, verba para 2023 foi cortada em até 99%

Deslizamento de terra na BR-376, rodovia que liga Curitiba a Joinville. Foto: Divulgação/CENACID-UFPR

Por Mauro Utida

Desde segunda-feira (28), cidades do Paraná, de Santa Catarina, Espírito Santo e Sergipe registraram alagamentos, deslizamentos e formação de crateras em rodovias por causa do aumento do volume de água registrado do início das chuvas de verão.

Além da preocupação de um novo recorde de mortes por enchentes – a exemplo do que aconteceu e Petrópolis, em março deste ano – o cenário orçamentário identificado pelo grupo de trabalho do Desenvolvimento Regional do grupo de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é classificado como “alarmante”. A informação é do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para a coluna Radar, da revista Veja.

Os recursos de obras emergenciais de mitigação para redução de desastres sofreu uma redução do governo de Jair Bolsonaro (PL) de R$ 2,8 milhões para R$ 25 mil, no orçamento de 2023. Se forem mantidas as quantias que estão na proposta de Orçamento apresentada pelo governo Bolsonaro ao Congresso, o corte será de até 99% nos recursos voltados para obras emergenciais, redução e mitigação de desastres naturais.

O enxugamento do orçamento do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) também atinge verbas para a “execução de projetos e obras de contenção de encostas em áreas urbanas”. Neste setor, houve um corte de 94% do recurso, saindo de R$ 53,9 milhões, neste ano, para R$ 2,7 milhões para 2023.

O corte nestas áreas por Bolsonaro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, foi proposto ainda em setembro, meses depois do desatre em Petrópolis, na região Serrana do Rio de Janeiro, onde morreram mais de 230 pessoas por causa das chuvas.

Uma pesquisa do Observatório dos Desastres Naturais mostrou que, nos últimos 10 anos, os óbitos causados por excesso de chuvas e suas consequências no Brasil somaram 1.756. Até setembro, as vidas perdidas por inundações neste ano já chegam a 457, o que representa mais de 25% do total de mortes na década.

Dos 10 estados brasileiros mais afetados, cinco estão localizados no Nordeste do país – Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará, respectivamente. Em 2018, a partir do cruzamento de dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do último censo feito, em 2010, pelo Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE), identificou-se que mais de oito milhões de pessoas vivem em áreas de risco no Brasil.

Com informações do Correio Braziliense e Nexo Jornal

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