A convocação de Bolsonaro aconteceu logo após a Polícia Federal avançar nas investigações sobre um suposto plano de golpe de Estado atribuído ao núcleo político do ex-presidente

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) convocou apoiadores para o ato na Avenida Paulista no mesmo dia em que entrou na Embaixada da Hungria, no dia 12 fevereiro, onde permaneceu por duas noites. O vídeo, amplamente divulgado nas redes sociais pelo The New York Times, mostra Bolsonaro vestindo a camisa da Seleção Brasileira de Futebol, convocando seus apoiadores para um movimento “em defesa do Estado democrático de direito”, marcado para 25 de fevereiro.

A convocação de Bolsonaro aconteceu logo após a Polícia Federal avançar nas investigações sobre um suposto plano de golpe de Estado atribuído ao núcleo político do ex-presidente. No contexto das investigações, a PF cumpriu 33 mandados de busca e apreensão, 4 mandados de prisão preventiva e 48 medidas alternativas contra os investigados, além de apreender o passaporte de Bolsonaro, impedindo-o de deixar o país.

As imagens divulgadas pelo jornal norte-americano também captaram o momento em que Bolsonaro chegou ao local e conversou com o embaixador da Hungria no Brasil, Miklós Halmai.

Além disso, registros mostram funcionários da embaixada levando roupas de cama e uma cafeteira para o quarto de hóspedes do ex-presidente.

Em nota, sua defesa confirmou a presença do ex-presidente na embaixada húngara na data mencionada, afirmando que durante sua estadia, ele “conversou com inúmeras autoridades do país amigo atualizando os cenários políticos das duas nações”.

As imagens mostram que a embaixada estava praticamente vazia durante a estadia de Bolsonaro, com apenas alguns diplomatas húngaros presentes devido ao período de férias, coincidindo com o feriado de carnaval no Brasil.

A permanência de Bolsonaro na embaixada despertou questionamentos, uma vez que os locais diplomáticos são considerados territórios protegidos e fora do alcance das leis brasileiras.

Tal ação, em tese, poderia ser interpretada como uma tentativa de burlar a determinação de não se ausentar do país, especialmente considerando que seu passaporte havia sido apreendido no contexto da operação Tempus Veritatis, que investiga uma suposta trama golpista no governo anterior.

A defesa de Bolsonaro afirmou que sua estadia na embaixada tinha o propósito de manter contatos com autoridades húngaras, destacando seu bom relacionamento com o premier do país. Alegaram que Bolsonaro estava atualizando cenários políticos entre as nações e refutaram interpretações que não se alinhassem com os fatos apresentados.