“Meninas sonhadoras, mulheres cientistas”, da jurista Flávia Martins, é um dos destaques da Bienal do Livro de São Paulo

Foto: Mídia NINJA

Por Mauro Utida

Se depender de publicações da editora Mostarda, o universo literário para crianças negras e indígenas será cada vez mais acolhedor. O mais novo lançamento da editora, “Meninas sonhadoras, mulheres cientistas”, da jurista Flávia Martins Carvalho, inspira meninas a alcançarem os seus sonhos.

O livro traz histórias de meninas sonhadoras que cresceram e ocuparam lugares que ninguém acreditava que elas poderiam conseguir. A publicação até poderia ser inspirado na vida da autora que teve uma infância difícil, como menina preta, pobre e periférica, mas que hoje realiza o seu sonho em ocupar seu espaço na Bienal do Livro e no poder judiciário, como juíza de direito do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) e como juíza auxiliar no Supremo Tribunal Federal (STF). Mas as histórias são de mulheres que inspiraram e continuam inspirando a autora, como Suelly Carneiro, a jornalista Flávia Oliveira e Débora Diniz, que é uma mulher branca aliada à luta antirracista.

“O universo é cheio de possibilidades e não podemos desistir de sonhar e imaginar coisas diferentes. Pode soar como ofensivo dizer para as pessoas sonharem quando elas não têm o que comer, onde dormir e vestir, mas não podemos perder a capacidade de sonhar e imaginar um mundo diferente porque a partir do momento que a gente começa a imaginar esse mundo diferente é que ele vai começar a acontecer, sem imaginar ele nunca vai surgir”, declarou.

Com uma linguagem de cordel, o livro comunica de uma maneira simples com versos e poesias passando a mensagemda autora de inspiração e contribuição para a formação de meninas e meninos.

Mesa de debate

Antes de conceder a entrevista para a Mídia NINJA, Flávia Martins participou de uma mesa de debate, na tarde de quinta-feira (7), com Majori Silva e Elisandra Pereira, sobre o protagonismo da mulher negra. Elas levaram para a Arena Cultural da Bienal do Livro a relação que existe entre o espaço e a voz dedicados a discutir o racismo e a mudança que acontece na sociedade a partir destas discussões.

Usando a educação e a literatura como base, as três mostram a força que as referências indígenas e negras têm sobre as crianças, contribuindo com a formação de uma nova geração de sociedade.

“Não digo que vai ser mais fácil para as crianças mas ter referências faz ficar mais acolhedor, mais leve”, disse Majori.

Editora Mostarda

A Mostarda é uma editora que vem fazendo a diferença no mercado editorial do Brasil. O idealizador do projeto Pedro Mezette explica que a proposta é oferecer publicações infantis que auxiliem na luta antirracista e discriminatória, contribuindo para a educação da sociedade.

O nome é uma alusão ao grãozinho da mostarda que é minúsculo e dá uma árvore gigantesca. No catálogo, a publicações de personagens como Nelson Madela, Carolina de Jesus, Malcon X e muitos outros pensadores e intelectuais negros. Destaque também para publicação de personagens indígenas, como o mais novo lançamento sobre Ailton Krenak e Sônia Guajajara.