Mauro Cid teria dito em um áudio obtido pela PF que não havia como comprovar que o dinheiro efetivamente saía da conta do presidente

Foto: Agência Brasil

A Polícia Federal (PF) identificou, por meio de depósitos em dinheiro vivo feitos pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid à ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, uma suspeita de desvio de recursos e rachadinha no Palácio do Planalto durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Uma assessora de Michelle também estaria envolvida nas transações.

Mauro Cid foi preso em uma operação da Polícia Federal sobre fraudes em certificados de vacinação contra a covid-19 no sistema do Ministério da Saúde e a transcrição dos áudios obtidos pela Polícia Federal foi revelada pelo portal UOL.

A defesa de Bolsonaro e Michelle negou as irregularidades, afirmando que todos os pagamentos referentes ao dia a dia da família eram feitos com recursos próprios. No entanto, Mauro Cid teria dito em um áudio obtido pela PF que não havia como comprovar que o dinheiro efetivamente saía da conta do presidente.

A PF identificou sete comprovantes de depósitos em dinheiro vivo feitos por Cid, enviados por imagens, totalizando R$ 8.600,00. Os repasses foram feitos em pequenos valores, de forma fracionada, para impedir o alerta aos órgãos de controle e a identificação de irregularidades, segundo a investigação. A PF também encontrou pagamentos de boletos para um irmão de Michelle Bolsonaro, aumentando os indícios de desvios de recursos da presidência.

Devido às transações suspeitas, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou a quebra do sigilo bancário de Mauro Cid e outros servidores que trabalhavam na Ajudância de Ordens da presidência.

Orientação de Bolsonaro

Outra troca de mensagens mostra que Jair Bolsonaro orientou Mauro Cid a pagar um boleto em dinheiro vivo, referente a uma despesa hospitalar de Maria Helena Braga, tia de Michelle. A investigação da PF não identificou se os recursos saíram da conta pessoal de Bolsonaro ou dos cofres da Ajudância de Ordens.

“No grupo de WhatsApp da Ajudância de Ordens, Mauro Cid encaminha orientação do Exmo. Sr. Presidente da República, no sentido de o pagamento da GRU ser feito em dinheiro para ‘evitar interpretações equivocadas’”, diz, em despacho sobre as quebras de sigilo, o ministro Alexandre de Moraes. Em seguida, um dos servidores da sua equipe faz o pagamento do boleto e lhe encaminha o comprovante, sem deixar claro qual teria sido a origem dos recursos.