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Foto do arquivo de Ruth de Souza. Audálio Dantas, na Favela do Canindé entrevistando Carolina Maria de Jesus, personagem da sua famosa reportagem Diário de uma favelada. São Paulo, Brasil, 1961

 

Alagoano, de Tanque D’arca, nasceu em 1929 o grande repórter Audálio Dantas, que parte nesse fatídico 2018.

Repórter, sim, antes de tudo. Porque Audálio contou histórias desse país que poucos conseguiram fazer igual. Histórias que marcaram desde os ribeirinhos até a Ditadura Militar.

Nas revistas O Cruzeiro e Realidade, Audálio capturou fotografias de mil partes do Brasil profundo, relatando megalomanias como uma competição de resistência, em que casais dançaram juntos por um mês, até abrindo espaço para o mundo descobrir o talento e o poder de uma das maiores escritoras que possuímos, Carolina de Jesus.

No livro “Tempos de Reportagem”, Dantas faz um compilado do extenso trabalho que possui, mais de 50 anos, explicando como construiu as suas reportagens, conheceu seus personagens e contou as suas histórias.

Nesse intermédio, Audálio foi diretor do Sindicato dos Jornalistas, posição que assumiu em 1975. Pouco tempo depois, o jornalista e, à época, diretor da TV Cultura, Vladimir Herzog foi torturado e assassinado no DOPS.

As denúncias realizadas pelo Sindicato dos Jornalistas, e posteriormente pela grande mídia, fortaleceram um movimento de resistência que, no futuro, seria uma célula para a redemocratização do país.

A história de Vladimir Herzog e a atuação da imprensa naquele período é narrado no livro “As duas guerras de Vlado Herzog”, escrito por Dantas.

Essa atuação lhe resultou em uma premiação da ONU, reconhecendo sua luta em favor dos Direitos Humanos.

Audálio morreu em decorrência de um câncer no estômago, detectado em 2015. Deixa mulher, 4 filhos e netos.