Foto: Climáximo

O Climáximo fez hoje uma ação na sede da The Navigator Company em Lisboa, para denunciar as repetidas campanhas enganosas promovidas pela empresa de celulose, que utiliza o conhecido método de greenwashing para vender o seu negócio como benéfico para o ambiente, enquanto contribui para a degradação dos territórios em que intervém, em Portugal e em Moçambique, favorecendo a desertificação e os incêndios florestais.

Foto: Climáximo

Na semana internacional de ação pelo clima e em crescendo até à Greve Climática Global de 27 de Setembro, ativistas do Climáximo, movimento pela justiça climática, entraram hoje na sede da The Navigator Company para denunciar a hipocrisia desta empresa, que adquire publicidade em toda a imprensa para se autopromover e criar na população a ideia errada de que as suas práticas podem constituir alguma espécie de solução para a crise climática. A indústria da celulose e da bioenergia aproveita-se de forma totalmente oportunista da crise climática para aumentar os seus lucros e os seus negócios, travando as verdadeiras soluções, quer na energia, quer na floresta.

Foto: Climáximo

As ativistas denunciaram a expansão descontrolada das monoculturas de eucalipto por todo o país, uma espécie exótica altamente combustível que contribuiu para o abandono do meio rural e os catastróficos incêndios florestais, assim como o fato das fábricas de celulose estarem entre as primeiras unidades industriais em termos de emissões de gases com efeito de estufa em Portugal: apesar de se afirmarem “neutras em carbono”, as celuloses são agentes ativos e contribuidores líquidos – direta e indiretamente – para as emissões nacionais.

A The Navigator Company utiliza práticas neocolonialistas em países como Moçambique, onde promove o roubo de terras às comunidades camponesas e a substituição direta de florestas nativas por plantações monoculturais de eucaliptos.

Monoculturas não são florestas, são sistemas produtivos muito frágeis que contribuem para a degradação de solos, de águas e de paisagens: as monoculturas das celuloses não passam de falsas soluções climáticas pintadas de verde que em nada contribuem para o combate às alterações climáticas nem para o combate à desflorestação. Para combater as alterações climáticas precisamos florestas a sério, com biodiversidade e resiliência aos brutais choques do clima em mutação, que possam ficar décadas ou até séculos na paisagem, construindo e constituindo ecossistemas que preservam espécies de todo o tipo, água e solos. As florestas capturam até 40 vezes mais do que as monoculturas de árvores. Além disso, as florestas têm de ser mantidas, e não arrancadas passado uma década, seja para celulose, seja para a panaceia de bioenergia em grande escala, que é hoje uma cada vez mais importante promotora de desflorestação em vários continentes.

Foto: Climáximo

É preciso desmascarar a ideia de que é possível resolver a crise climática pela mesma lógica do lucro, com uma pintura verde por cima do capitalismo extrativista que consome tudo o que consegue espoliar aos povos e aos finitos ciclos naturais. A The Navigator Company trava a ação climática urgente que as florestas em Portugal e por todo o mundo precisam.

Por baixo da tinta verde da sua propaganda, está a cinza da devastação.