Pautado pelo artivismo, o artista And Santtos faz arte e ativismo ambiental (Mídia Ninja)

 

Na esquina da avenida Marques de Herval com a Travessa Vileta, a Mídia Ninja encontrou o artista visual paraense, And Santos. Ele é autor de mais uma homenagem em memória do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, que há dois meses perderam suas vidas por defender o meio ambiente e os povos da floresta.

O mural tem 152 metros quadrados e além das imagens do indigenista e jornalista, respectivamente, exalta a relação de respeito mútuo entre eles e os povos originários do Brasil, além de mencionar nas imagens também, a exuberância da fauna e flora brasileiras. Araras amazônicas e a fita, associada a manifestações religiosas, como do Divino e bumba-meu-boi também foram incluídos na obra de arte a céu aberto.

A frase emocionante da mulher de Bruno, a antropóloga Beatriz Matos também foi eternizada no mural: “Agora que os espíritos do Bruno e do Dom estão passeando na floresta e espalhados na gente, nossa força é muito maior”. And a escolheu para lembrar que a luta pela floresta em pé, continua. “E essa batalha né da Amazônia, é de Belém, é de todos. E ficamos fortalecidos porque os espíritos de Bruno e Dom estão conosco”.

A representação dos artistas em preto e branco, foi uma maneira que o artista encontrou para retratar os dois mártires, que fisicamente não estão mais entre nós, mas cujo legado permanecerá para sempre.

And Santtos é artista paraense (Mídia Ninja)

A obra de And Santtos faz parte do projeto Megafone e integra o crescente movimento de artivismo – a intersecção entre arte e ativismo. Artivismo é o nome dado a ações sociais e políticas, produzidas por pessoas ou coletivos, que se valem de estratégias artísticas, estéticas ou simbólicas para amplificar, sensibilizar e problematizar, para a sociedade, causas e reivindicações sociais.

And Santtos nasceu em São Caetano de Odivelas (PA) e ficou conhecido pelo estilo poético e colorido, cravado em seus painéis e telas que retratam de maneira original o imaginário popular. Morando atualmente em Belém, And criou seu próprio conceito, o “Odivelismo”, nome tratado pelo artista que realiza seus trabalhos de pesquisa tendo por base o regionalismo, a valorização da cultura do caboclo paraense e o meio natural em que ele vive, tudo aliado a seus valores odivelenses e à busca constante pelo aprimoramento de suas técnicas, através de estudos e de sua relação ontológica e etnográfica com seu cotidiano.

And tem viajado por diversas cidades paraenses, sempre levando sua arte mesclada com os costumes de cada região e participou de uma das maiores exposições ao ar livre de Belém, a CowParade. O artista tem participado também de várias atividades de projetos sociais, oficinas, exposições, coletivos de pintura, música e graffiti, Educart, palestras, debates sobre expressões visuais, Cidade Ilustrada, Bienais e fóruns de debates. Seus trabalhos em telas também estão representados em vários outros estados brasileiros, como Amapá, Ceará, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina.