Por José Carlos Almeida para os Estudantes NINJA

Em relatório internacional lançado na última quarta-feira (25/05), a organização não governamental, Human Rights Watch (HRW), apontou que durante a pandemia milhares de crianças passaram a ter dados privados, como sua localização e comportamento online, coletados por sites e aplicativos usados no acesso a conteúdo educativos, seja de maneira declarada, seja secretamente.

A investigação da HRW analisou 164 produtos EdTech (education technology) para educação a distância usados em 49 países, inclusive no Brasil, durante a pandemia da Covid-19 e recomendados por governos locais para professores, pais e alunos. A HRW realizou sua análise técnica dos produtos entre março e agosto de 2021.

“Dos 164 produtos EdTech revisados, 146 (89%) pareciam se envolver em práticas de dados que colocassem os direitos das crianças em risco, contribuíram para prejudicá-los ou infringiram ativamente esses direitos.” Diz parte do texto publicado.

A investigação apontou que os dados eram coletados sem consentimento.
“Esses produtos monitoravam ou tinham a capacidade de monitorar as crianças, na maioria dos casos secretamente e sem o consentimento das crianças ou de seus pais, em muitos casos colhendo dados sobre quem são, onde estão, o que fazem em sala de aula, quem são seus familiares e amigos, e que tipo de dispositivo suas famílias poderiam pagar para que elas usassem.” Aponta o relatório.

Segundo a organização a maioria das plataformas digitais de aprendizagem online instalou tecnologias de rastreamento, assim, seguiam crianças para fora de suas salas virtuais, através da internet, ao longo do tempo.

“Algumas crianças invisivelmente marcadas e impressões digitais de maneiras que eram impossíveis de evitar ou se livrar — mesmo que crianças, seus pais e professores tivessem conhecimento e tivessem o desejo e a alfabetização digital de fazê-lo — sem jogar o dispositivo no lixo.” Afirma a ONG.

As maiores beneficiadas com essas coletas irregulares de dados foram as empresas de publicidade, através das AdTechs (Advertising + Tchnology), tecnologias voltadas para a análise e administração de publicidade no universo digital.

“A maioria das plataformas de aprendizagem online enviou ou concedeu acesso a dados infantis para empresas terceirizadas, geralmente empresas de tecnologia de publicidade (AdTech). Ao fazê-lo, eles parecem ter permitido aos algoritmos sofisticados das empresas AdTech a oportunidade de costurar e analisar esses dados para adivinhar as características e interesses pessoais de uma criança, e prever o que uma criança pode fazer em seguida e como elas podem ser influenciadas,” pontou HRW.

O acesso a essas informações poderiam então ser vendidas para qualquer pessoa, anunciantes, corretores de dados e outros, que buscassem atingir um grupo definido de pessoas com características semelhantes on-line aos dados que foram coletados.

“As crianças são vigiadas em escala vertiginosa em suas salas de aula online. A Human Rights Watch observou 146 produtos EdTech enviando ou concedendo acesso diretamente a dados pessoais de crianças a 196 empresas terceirizadas, esmagadoramente AdTech. Dito de outra forma, o número de empresas AdTech que recebem dados infantis foi descoberto como muito maior do que as empresas EdTech que enviam esses dados para eles,” discorreu RHW.

Pra mais informações e para acessar o relatório na integra, acesse aqui.