De ficção a documentário, animações lançadas a partir do ano 2000 fazem parte desta lista que reúne títulos que nos permitem refletir sobre as relações étnico-raciais nos filmes, e em nossa sociedade.

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Por Lucas Santana para cobertura colaborativa Cine NINJA

Red – Crescer é Uma Fera (Turning Red, 2022) é um dos indicados a Melhor Filme de Animação do ano no Oscar. A diretora e roteirista, Domee Shi, retorna à premiação depois de sair com a estatueta em 2019 pelo seu trabalho no curta-metragem Bao (2018). Ambos, o longa e o curta, possuem forte influência da cultura da China, país natal de Shi. O longa da Pixar possibilita uma discussão sobre as relações étnico-raciais de pessoas com ascendência chinesa no Canadá, país onde acontece a história.

Com o passar dos anos Hollywood tem ficado cada vez mais atenta para levar diversidade para seus filmes. Ainda que as mudanças não aconteçam na velocidade necessária para a superação das diferentes opressões, alguns títulos se sobressaem, e permitem uma boa discussão a partir deles. É nesse sentido que destacamos algumas animações já indicadas ao Oscar pelas quais é possível refletir sobre diferentes grupos étnico-raciais e suas culturas ao redor do mundo.

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Spirit – O Corcel Indomável (2002)
Indicado em 2003, segundo ano da categoria de Melhor Filme de Animação, o filme narra a luta de Spirit para reconquistar a sua liberdade. Ao mesmo tempo, o longa revela as tensões entre o exército e os nativos americanos, retratando o período chamado de Guerras Indígenas nos EUA.

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A Princesa e o Sapo (2009) –  O filme que marca a chegada da primeira princesa negra da Disney é uma homenagem à cultura afro-americana de Nova Orleans, com seu jazz, carnaval e religiosidade. As polêmicas a respeito da obra não são poucas e até elas ajudam a pensar sobre aspectos da cultura negra e suas representações em Hollywood.

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Valsa com Bashir (2008) – O vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 2009 é um filme de animação que narra os impactos da Guerra do Líbano na vida do diretor, Ari Folman. Ele serviu ao exército israelense aos 19 anos e conta no filme os traumas por ter participado da guerra. Os conflitos dados a partir das relações étnico-raciais e religiosas no Líbano são uma das causas da guerra e perpassam o contexto do que é apresentado no filme.

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Como Treinar Seu Dragão (2010) – A história da amizade entre Soluço e Banguela acontece no contexto da cultura viking, um dos grupos étnicos que faz parte da formação do continente europeu. O filme traz em si uma ótima possibilidade para desnaturalizar a ideia de que os brancos europeus não pertencem, também, a um grupo étnico-racial.

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Viva – A Vida é Uma Festa (2017) – A história do filme vencedor do Oscar em 2019 se passa durante a tradicional festa do Dia de Los Muertos. Num período em que as pessoas latinas sofreram com uma série de ações e declarações violentas feitas pelo então presidente dos EUA, Donald Trump, o longa surge como uma homenagem ao México e celebração da cultura latino-americana.

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Frozen 2 (2019) – A continuação de Frozen apresenta uma história que nos permite refletir sobre os perigos de uma história única, mostra como os mitos fundadores de uma nação são criados e aponta para a necessidade de enfrentar os conflitos étnicos-raciais. Ao buscar sobre o seu passado e da sua família, Elsa e Ana descobrem que há muito mais por trás da vida pacata e alegre de Arendelle.

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Irmão Urso (2003) – O filme se passa na era glacial e tem como protagonista um homem nativo americano da região onde hoje é o Alaska. A história de Kenai, que é transformado em urso ao buscar vingança pela morte do irmão traz em sua narrativa elementos da cosmovisão dos povos originários da América.

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Moana (2016) – Inspirado pela história e cultura polinésia, com Moana, podemos pensar questões relacionadas ao tratamento dado às tradições pelas diferentes culturas. Outro elemento que se destaca é a importância da ancestralidade na formação da comunidade em que a protagonista vive. Como em A Princesa e o Sapo, há também representações controversas, às quais cabe reflexão e gera um convite para conhecer melhor as histórias da Polinésia.

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Encanto (2021) – Um dos mais recentes sucessos da Disney ganhou relevância na cultura pop, justamente, pela forma atenciosa como aborda a cultura colombiana, pela representatividade não-branca no design dos personagens, e pelas cativantes músicas assinadas por Lin Manuel Miranda e Germaine Franco. Se “não falamos do Bruno”, falamos de Encanto, e de como ele celebra a diversidade e a beleza latino-americana.

Texto produzido em cobertura colaborativa da Cine NINJA – Especial Oscar 2023