O derretimento acelerado das geleiras nos Alpes Europeus atingiu um novo nível preocupante em 2023, de acordo com o mais recente relatório climático divulgado pelo observatório europeu Copernicus, em colaboração com a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Os Alpes perderam aproximadamente 10% do volume de gelo entre 2022 e 2023.

As altas temperaturas, especialmente durante os verões europeus, resultou em recorrentes e mais agressivas ondas de calor que afetaram todo o continente. Além disso, a redução no número de dias com neve contribuiu para o menor acúmulo de gelo, especialmente na Europa Central e nos próprios Alpes.

Os especialistas advertem que muitos dos eventos extremos observados podem ser atribuídos à emergência climática e provavelmente se tornarão mais frequentes e intensos no futuro.

Os impactos do derretimento das geleiras são duplos, como explica Francesca Guglielmo, cientista sênior do Copernicus. Primeiro, há consequências hidrológicas, incluindo a diminuição da água armazenada no solo, o que se traduz em menos recursos hídricos disponíveis durante o período de degelo anual na primavera.

Segundo, as consequências físicas incluem uma diminuição na cobertura de neve, resultando em superfícies mais escuras que absorvem mais calor solar, aumentando as temperaturas nessas regiões.

Além dos impactos climáticos diretos, o relatório alerta para os efeitos adversos no setor turístico e na economia local. A falta de acúmulo de neve pode afetar negativamente o turismo de inverno, impactando as comunidades dependentes desse setor.

O relatório também destaca os impactos mais amplos das mudanças climáticas na Europa, incluindo o registro de temperaturas recordes ao longo de 2023.

Onze dos doze meses do ano foram marcados por temperaturas acima da média, com setembro alcançando um recorde como o mês mais quente já observado.