Por Patrick Simão / Além da Arena

O jogo entre o alemão Alexander Zverev e o italiano Jannik Sinner, válido pelas oitavas de final do US Open, ficou marcado por um grave episódio de manifestação nazista. Durante o 4º set, antes de um saque, Zverev parou a partida e denunciou ao árbitro: “ele acabou de dizer a frase mais famosa de Hitler, isto é inaceitável. É inacreditável”, se referindo a um grito vindo da arquibancada.

A frase em questão foi: “Deutschland über alles”, que significa “Alemanha acima de tudo” e fazia parte do hino alemão até ser removida. Esta frase era proferida por Hitler, com o intuito de pregar o nacionalismo e um discurso de superioridade racial e cultural alemã. O espectador foi expulso do estádio, mas não sofreu qualquer outra punição.

Esta frase é mais uma entre muitas demonstrações recentes de apologia pública ao nazismo, fascismo e racismo, algo cada vez mais frequente na política e que reverbera no esporte. Este movimento é crescente em estádios de futebol na Europa, com manifestações de torcidas nazi-fascistas e atos racistas voltando a ser proferidos explicitamente.

Além disso, não houve punições vindas dos Estados Unidos, que era governado pela extrema-direita com Trump, até 2022. A frase, inclusive, foi apropriada como o principal slogan do governo do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, outro representante da extrema-direita que ascendeu na última década: “Brasil acima de tudo, deus acima de todos.”

Após a partida, Zverev comentou sobre o episódio: “Adoro quando os fãs ficam emocionados, mas acho que, sendo alemão, não me orgulho dessa história. Ele estava sentado em uma das primeiras filas, muita gente ouviu. Se eu simplesmente não reagisse, acho que seria ruim da minha parte.”

O nazismo e qualquer alusão a ele devem ser combatidos logo em sua origem. A naturalização do nazismo não deve ser associada a liberdade de expressão, como vimos recentemente no Brasil. Não se pode naturalizar e trazer à tona qualquer demonstração nazista, fascista, racista ou xenofobia: este movimento está crescendo e, se não combatermos, ele se naturalizará cada vez mais.