Durante as análises, foram identificados outros componentes químicos e bactérias preocupantes nos pontos de coleta, incluindo coliformes fecais e metolacloro, este último reconhecido por sua extrema toxicidade

Foto: Foto: Luiz Mendes/Arquivo Pessoal

Um recente estudo conduzido pela Organização Não Governamental (ONG) SOS Pantanal trouxe à tona descobertas alarmantes sobre a qualidade da água no rio Santo Antônio, um afluente crucial para a bacia do Pantanal, localizado em Mato Grosso do Sul. Segundo a pesquisa, foi identificada a presença do fungicida carbendazim, uma substância proibida no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2022, devido ao seu potencial cancerígeno e de risco à reprodução humana.

Divulgado com exclusividade pelo G1, o estudo foi realizado ao longo de cinco meses, de outubro de 2023 a março de 2024, em três pontos específicos do rio Santo Antônio, situados em Guia Lopes da Laguna. Os resultados, publicados no Dia Internacional da Água, visam alertar para a má conservação do solo e para o uso de agrotóxicos proibidos, destacando a importância da preservação dos recursos hídricos.

Durante as análises, foram identificados outros componentes químicos e bactérias preocupantes nos pontos de coleta, incluindo coliformes fecais e metolacloro, este último reconhecido por sua extrema toxicidade. Além disso, foram encontrados níveis elevados de nitrato e fosfato, provenientes de agrotóxicos utilizados em plantações próximas ao rio.

Gustavo Figueirôa, pesquisador da SOS Pantanal, em entrevista ao jornalista José Câmara, ressaltou a gravidade da situação, enfatizando a baixa qualidade da água, a presença de substâncias nocivas e a falta de matas ciliares, essenciais para filtrar contaminantes antes de atingirem os rios. Ele também apontou o mau uso do solo e a ausência de Áreas de Proteção Permanente (APP) como fatores contribuintes para a contaminação.

A preocupação não se restringe apenas à saúde humana, mas também à biodiversidade, com destaque para as comunidades ribeirinhas e indígenas, que enfrentam maior exposição aos agrotóxicos devido ao contato direto com a água contaminada. Larissa Bombardi, pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), ressaltou a necessidade de regulamentações mais rigorosas e do avanço da agricultura agroecológica como soluções para mitigar os impactos dos agrotóxicos.

Diante das descobertas, a SOS Pantanal propôs recomendações urgentes, incluindo a implementação de um programa de restauração das Áreas de Preservação Permanente e o estabelecimento de fóruns para debater práticas conservacionistas. O governo de Mato Grosso do Sul se comprometeu a realizar verificações nos pontos analisados pela ONG e a tomar medidas para melhorar a qualidade dos recursos hídricos.