Por Assessoria Apiwtxa

A comunidade Apiwtxa tem um forte trabalho no desenvolvimento dos seus Sistemas Agroflorestais (SAFs) e roçados. Os agentes agroflorestais, que desenvolvem a atividade, contribuem diretamente para o fortalecimento da segurança alimentar e diversidade de espécies cultivadas, tanto para alimento como para outras atividades, como artesanato e medicina do povo Ashaninka, da aldeia Apiwtxa, em Marechal Thaumaturgo, Acre.

Wewito Piyãko, presidente da Associação Apiwtxa, observa que além de realizarem o trabalho de campo e produção, os agentes agroflorestais auxiliam no monitoramento do território. “Eles são responsáveis por toda a gestão de plantas, frutas, madeiras, enriquecimento da nossa produção, viabilizando, inclusive, o intercâmbio produtivo da Apiwtxa com outras comunidades. Além disso, nossos agentes também monitoram o nosso território, são os nossos fiscais territoriais”, observa Wewito.

Foto: Yara Piyãko

O agente agroflorestal Valdeci Piyãko explica que, além de contínua, as atividades produtivas dos SAFs englobam todas as famílias. “Vivemos em comunidade aqui na Apiwtxa e isso traz responsabilidades coletivas. Estamos trabalhando para todos, para que todas as famílias possam comercializar e consumir espécies de frutas. Com a inauguração, em breve, da agroindústria isso vai se fortalecer ainda mais”.

No Acre, a formação dos Agentes Agroflorestais Indígenas (AAFIs) tem sido realizada há anos pela Comissão Pró-Índio do Acre (CPI Acre). A formação segue orientações que priorizam, além das técnicas e conceitos científicos sobre o uso, manejo e a conservação dos recursos naturais, os saberes indígenas sobre o meio ambiente.

Um outro trabalho de suma importância desenvolvido pelos agentes agroflorestais na Apiwtxa é a identificação de frutas e produtos florestais, que contribuam com a consolidação da segurança alimentar, bem como para utilização na confecção de artesanato. A turma atua ainda na implementação do manejo de fauna, a exemplo do manejo dos peixes, caças, tracajás, entre outras espécies, que têm suas áreas de reprodução protegida.

Foto: Yara Piyãko

O modelo de cultivo como os SAFs são desenvolvidas há milênios pelos povos indígenas, que utilizam uma forma de plantio consorciado para se alimentarem e, atualmente, gerar renda às comunidades. Na Apiwtxa, por exemplo, essa iniciativa foi responsável pelo reflorestamento de quase toda a área da Aldeia, após a demarcação da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia na década de 1990.

Atualmente, esta atividade dos agentes tem o apoio por meio do projeto Nossas Futuras Florestas – Amazônia Verde, uma parceria da Conservação Internacional (CI Brasil) com a Associação Apiwtxa. Dentro das ações executadas no projeto, está a contratação de dois agentes agroflorestais na comunidade para ampliar o alcance de suas atribuições.