Acordo foi assinado pelo primeiro-ministro Boris Johnson para ajudar a República do Congo (Kiara Worth/UNClimate Change)

 

Lembra do acordo firmado entre mais de 100 lideranças na COP26, para reduzir o desmatamento e degradação de terras até 2030? No caso de um fundo especial para ajudar a República Democrática do Congo, o primeiro prazo foi perdido, como alerta a Sky News.

Com apoio de doadores, o Reino Unido se comprometeu a conceder US$ 500 milhões via fundo, para proteger a Bacia do Congo, que abriga a segunda maior floresta do mundo e fornece alimentos para 40 milhões de pessoas, além de regular os padrões de chuva em todo o continente africano. Mas ela está ameaçada pela extração industrial de madeira, mineração e agricultura

O pacto assinado pelo primeiro-ministro Boris Johnson visava conter o avanço do desmatamento na região que absorve 4% do dióxido de carbono do mundo. Aliada ao desmatamento, a crise climática vem causando mais seca e calor extremo, o que afeta a capacidade da floresta absorver carbono. Se o problema não for contido rápido, estima-se que toda a floresta primária poderá se perder até o final do século.

O presidente Félix Tshisekedi, da República do Congo, assinou o documento na COP26 (Kiara Worth/Unclimate Change)

A ideia era que o Reino Unido trabalhasse junto ao governo do país africano para que este, melhorasse suas florestas e combatesse a extração ilegal de madeira.

A Sky News relata que a primeira etapa do acordo previa que a RDC realizasse uma auditoria de todos os contratos de extração de madeira para identificar os ilegais e que por isso, não ofertam qualquer proteção a comunidades tradicionais ou à biodiversidade.

Mas o resultado da auditoria não foi publicado até o final de 2021.

À ocasião da assinatura do acordo, grupos da sociedade civil alertaram que o acordo com a RDC fracassaria a menos que estendesse uma moratória sobre novas concessões madeireiras, caso contrário a perda de florestas poderia de fato aumentar.

À Sky News, o consultor e negociador de Mudanças Climáticas da RDC, Joseph Malassi disse que o relatório será publicado em breve, mas que mesmo não tendo sido entregue em tempo, desejaria que houvesse mais cooperação.

A Iniciativa Florestal da África Central (CAFI), o grupo que assinou o acordo com a RDC, confirmou que os US$ 500 milhões prometidos ainda estão reservados para o propósito.

Matt Williams, do Think Tank de Energia e Clima avaliou positivamente o empenho do Reino Unido, que na sua opinião se destacou em protagonizar os acordos, mas cobra que o trabalho seja continuado para manter o que chamou de “reputação global”.

O governo do RDC prometeu na COP26 que suspenderia contratos de ilegalidade, mas a medida até agora, só atingiu seis. Ambientalistas congoleses afirmam que são dezenas.