Com direção dos jornalistas Victor Fraga e Valnei Nunes, filme que lança discussões sobre democracia e fake news, terá pré-estreias no Rio de Janeiro e São Paulo, além de uma sessão especial em Salvador

A ex-presidente Dilma Rousseff, uma das participações do documentário “A Fantástica Fábrica de Golpes”. Foto: Reprodução

Com estreia nacional marcada para 1º de setembro, o documentário “A Fantástica Fábrica de Golpes” chega para tratar de temas importantes acerca da política nacional: a instabilidade política do Brasil, reforçada através de fake news e manipulações da grande mídia.

A dupla de jornalistas Victor Fraga e Valnei Nunes, investigam a longa tradição de golpes de estado ocorridas no Brasil e América-Latina, revelando como os grandes grupos de mídia, atrelados às fake news, foram decisivos para o Impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, assim como na prisão política do ex-presidente Lula. O documentário explicita ainda, como tais mecanismos fomentaram na ascensão da extrema-direita no país e em suas figuras como Bolsonaro.

O golpe contra Dilma Rousseff, em 2016, foi decisivo para a dupla iniciar o processo de produção do filme. O efeito cascata de destruição da democracia brasileira e a subida de figuras pró-ditadura, inquietou os diretores.

Segundo a dupla, o filme é a continuação do documentário britânico de 1993 “Muito Além do Cidadão Kane”, filme de quase três décadas atrás que denunciou como a Rede Globo manipula a opinião pública desde os anos 60, legitimando assim, o regime militar que governou o país durante 21 anos, além de antagonizar vozes progressivas que lutam pelos valores mais nobres da democracia. A partir disso, os jornalistas brasileiros radicados em Londres, colocam o filme britânico de 1993 no contexto moderno, demonstrando que as práticas da grande mídia pouco mudaram desde então.

Participam do documentário, através de falas e depoimentos, nomes importantes da política, cultura e intelectualidade brasileira e internacional, como Dilma Rousseff, Chico Buarque, Márcia Tiburi, Breno Altman, Altamiro Borges, Geoffrey Robertson QC, Ana Mielke, Glenn Greenwald, Jean Wyllys, Adolfo Pérez Esquivel e Luiz Inácio Lula da Silva.

A trilha sonora do do filme é assinada por Chico Buarque, Francisco El Hombre, Josyara e Erika Nande.

Após a première do filme, em Londres, no BFI Southbank, em maio deste ano, a dupla de diretores participou de um debate sobre o filme, conforme publicado pelo Yahoo!

“Fizemos esse filme para dizer às pessoas: vocês não estão sozinhas. A história continua se repetindo, mas de uma forma espiral, porque muda ao longo do caminho. Nós queremos quebrar esse ciclo”, disse Victor Fraga no debate após a exibição.

“Para mim, o que é muito importante nesse filme é entender o discurso dominante, como ele funciona e como se conecta. A base do discurso dominante, a igreja pentecostal, e todos os grupos de extrema direita são bem organizados. Isso que descobrimos durante a pesquisa desse filme. A outra coisa é como lutar contra as fake news. Eu entendo, com essa experiência e essa produção, que se trata de um trabalho diário, precisamos falar com nossa família, pra nos mandar todas as pequenas frações de fakes news, fontes. Foi realmente o que aprendi e quero manter esse trabalho”, afirmou Valnei Nunes.

“É nossa missão checar as fontes, ir até elas, buscar informação. Vamos combater as fake news com amor, compreensão e a verdade”, acrescentou Victor.

Victor Fraga e Valnei Nunes, os criadores do filme. Foto: Reprodução

Serviço:

30 de agosto, no Cine Estação Botafogo, no Rio de Janeiro – seguido de debate com Ivana Bentes, Márcia Tiburi e Juliana Neuenschwander.

31 de agosto, no Cine Belas Artes, em São Paulo – Seguido de performance ao vivo de Francisco El Hombre e Josyara.

7 de setembro, sessão especial no Cinema do Museu, em Salvador – precedido com a sessão de “Superoutro” (Edgar Navarro, 1989), seguido do debate temático “7 de setembro: histeria coletiva ou fake news?”, com Edgard Navarro e Jean Wyllys.